Regulamentação de medicamentos à base de Cannabis ainda é ineficaz, afirma associação goiana
03 dezembro 2019 às 15h55

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Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (Agape) afirma que resolução da Anvisa não atende demandas reais de pacientes e prioriza empresários

Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidir, nesta terça-feira, 3, por regulamentar o registro de medicamentos à base de cannabis medicinal, associações sinalizam contrariedade com as regras impostas. Ao Jornal Opção, a Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (Agape), afirma que as diretrizes não atendem aos pacientes que necessitam das medicações.
Segundo o presidente da Agape, Yuri Ben-Hur da Rocha Tejota, que acompanha pacientes e familiares com indicação de tratamento à base dos compostos da maconha, a regulamentação da Anvisa acaba por manter os níveis de inacessibilidade aos tratamentos, priorizando, segundo ele, interesse das empresas que irão produzir as substâncias.

“O debate sobre cannabis medicinal não nasce nas empresas, ele nasceu da experiência do pai e da mãe que trata um parente. O texto só prevê a possibilidade de empresas produzirem”, critica o presidente da Agape, que acrescenta: “Essa regulamentação só prioriza os interesses empresariais”.
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Ainda segundo o representante, o passo dado pela Anvisa teria sido: “Não só pequeno, como também limitante”. Yuri explica que pacientes com indicação para esse modelo de tratamento recebem receituário variado, o que não é atendido pela Anvisa, que limitou a 0,2% a porcentagem de THC permitida em cada medicamento.
“Não é esse o padrão internacional. Em países como a França é 0,3%. Com essa tentativa de inovar o Brasil não prevê neuropatas e dor crônica”, acrescenta o presidente da associação, que informa que a Agape irá protocolar ação solicitando a liberação de plantação para fins medicinais.