Regina Duarte, após décadas de destaque na televisão brasileira, agora se reinventa como artista plástica. A transição é acompanhada pela mudança política no Brasil, após uma breve e conturbada passagem pelo cargo de gestora cultural em Brasília.

A aproximação com Jair Bolsonaro (PL) gerou uma “rejeição”, conforme ela mesma expressa, tanto pelo ex-presidente quanto pela comunidade artística em geral. Apesar disso, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ela afirma estar em paz.

“Não tenho o menor problema com isso, nenhum ressentimento, pelo contrário. Eu acho que fizeram muito bem. Fizeram muito bem em se afastar de mim, porque eu passei a ser uma persona non grata na classe artística e na imprensa, uma pessoa que não agrega”, conta a atriz.

De acordo com Regina Duarte, a comunidade artística não consegue mais a aceitar, o que gera lamentações de sua parte, apesar de afirmar não ter “nenhum ressentimento”. “Quem acha que a Regina pode agregar alguma coisa são os bolsonaristas, que estão comigo. Não tenho nenhum ressentimento com isso, acho que é um direito, mas tem uma confusão aí. Muitas vezes eu fui defenestrada por algumas pessoas porque elas não gostam do Bolsonaro. E eu não posso gostar? Elas querem me impedir de ser bolsonarista? É essa a ideia? Não é um tanto ditatorial? Essa é a pergunta que fica no ar. Quer dizer que essas pessoas querem uma ditadura? Querem também serem proibidas de fazer escolhas livres?””, completa.

Relação com o governo Bolsonaro

Com o fim do governo Bolsonaro e a ascensão de Lula, a atriz expressa seu temor em relação ao retorno do petista ao poder, recordando sua campanha para José Serra em 2002.

Na verdade, esse parece ser o único receio da atriz, que atualmente busca uma nova identidade como a a “artistinha do Brasil”, resgatando, assim, o diminutivo que a caracterizou como a “namoradinha do Brasil” durante os anos de ditadura militar.

A atriz revela ter sentido medo e tensionamento na capital federal, abandonando o posto após 74 dias. Ela se distancia do rótulo de “atrizinha” do Brasil para abraçar sua atual fase como artista plástica, enquanto reconhece ter sido defenestrada pela classe artística e pelo ex-presidente.

“Você começa a perceber que a paranoia é um sentimento indispensável. Você precisa ser paranoico. É uma coisa dolorosa. Não sei se eu aprendi, mas eu fiquei melhor do que eu era. Eu tomo outros cuidados hoje em dia”, pontua Duarte.

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