Reforma da Previdência compromete economias municipais, aponta pesquisa da UFG
24 março 2017 às 11h21

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Levantamento feito pela Universidade Federal de Goiás aponta possíveis consequências da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287
A Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou nesta sexta-feira (24/3) resultados de uma pesquisa que aponta possíveis consequências da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287, também conhecida como Reforma da Previdência. O levantamento levou em conta dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo concluiu que as mudanças de regras de concessão dos benefícios previdenciários e dos benefícios da assistência social do regime vão limitar o acesso a esses recursos, comprometendo assim a produção agrícola das pequenas propriedades rurais e reduzindo o fluxo de renda em centenas de municípios brasileiros. Com isso, segundo a pesquisa, a economia dessas cidades estará ameaçada.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da instituição relacionaram os valores recebidos por esses beneficiados, ou seja, idosos de baixa renda, deficientes e aposentados rurais, com toda a riqueza gerada em diversas cidades. O grupo percebeu então que, em centenas de delas, só a aposentadoria rural representa mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) municipal. Ao se levar em consideração o valor dos benefícios de prestação continuada, a porcentagem sobe para 70%.
O responsável pelo estudo, professor Tadeu Arrais, explica a importância dos recursos da Previdência Social: “É isso que faz a economia desses municípios girar. Em algumas dessas cidades há mais beneficiários de aposentadoria do que trabalho formal”, afirma.
Assim, para o docente, quando a PEC propõe a equiparação do trabalho urbano e do rural, ela inviabiliza a aposentadoria de milhares de trabalhadores essenciais às economias municipais, comprometendo a produção agrícola familiar e o varejo municipal, além da qualidade de vida da população idosa.
“Elas são atividades de naturezas completamente diferentes. A expectativa de vida regional no Brasil é tão distinta quanto o mercado de trabalho. Entre os dois tipos de trabalhadores a diferença chega a oito anos. Isso sem falar na equiparação de gênero. Assim, não seria exagero dizer que nós vamos inverter a lógica inteira da previdência social e que os trabalhadores rurais vão sustentar a aposentadoria dos urbanos”, defende. (Com informações da UFG)