Estados brasileiros anunciaram antecipação com o objetivo de aumentar proteção contra variante Delta

Adiantar a segunda dose do imunizante contra a Covid-19 AstraZeneca, produzido pela FioCruz, dependerá do aumento da oferta de doses. Essa foi a explicação dada pelo governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).

“Tudo vai depender do fluxo [de doses] que recebermos. Como com a AstraZeneca temos uma situação especial, porque a FrioCruz não só recebe a AstraZeneca como também tem a capacidade, pelo acordo internacional que foi feito, de produzir e ampliar sua produção. Nós acreditamos que exatamente nesse mês de julho a FioCruz dará conta de ampliar a oferta, e quanto mais oferta, dentro desse quadro e dessa análise feita pelo comitê, poderemos antecipar a aplicação da segunda dose”, explica Caiado.

Ele ainda acrescenta que, com o sequenciamento genético que identificou a variante, que é ainda mais infectante que as demais, antecipar a segunda dose pode ser uma forma efetiva de aumentar a cobertura “maior e mais rápida, para que não tenha comprometimento da nossa população”.

A declaração do governador foi dada na abertura da maratona de vacinação contra o coronavírus, iniciada na manhã deste sábado, que terá duração de 24 horas. O objetivo é imunizar entre 10 e 12 mil pessoas com a primeira dose da AstraZeneca, Coronavac ou Janssen.

Nesta sexta-feira, 9, a Secretaria se Estado de Saúde (SES-GO), já havia adiantado que, além de doses, o estado aguarda posicionamento favorável à redução por parte do Ministério da Saúde.

“O MS refere no Plano Nacional de Operacionalização da Imunização contra a Covid-19 (PNO) estudos de soroconversão das vacinas com duas doses tem eficácia melhor ao ser administrada nos intervalos preconizados”, explicou a SES-GO, em comunicado oficial que orienta os municípios goianos a seguirem os intervalos definidos pela pasta.

O intervalo atual, que é o padrão recomendado pelo Ministério da Saúde, é de 12 semanas, ou três meses, tempo suficiente para que o corpo produza os anticorpos necessários. O Ministério da Saúde (MS), no entanto, ainda não se posicionou a favor da redução. A pasta até chegou a estudar a possibilidade de reduzir o intervalo entre as aplicações, no entanto, a Câmara Técnica manteve o prazo padrão de 12 semanas.

A decisão de adiantar a segunda dose foi tomada em alguns municípios foi tomada após a publicação de estudos, como o da revista científica Nature, divulgado esta semana, demonstrar que apenas uma dose da AstraZeneca tem pouca ou nenhuma ação contra a nova variante Delta, inicialmente identificada na Índia.

Assim, na tentativa de aumentar a cobertura do imunizante contra a variante, estados brasileiros decidiram reduzir o intervalo entre a primeira e a segunda dose do imunizante desenvolvido pela FioCruz. Alguns já divulgaram o novo prazo.

A justificativa utilizada pelos estados é que a bula da AstraZeneca disponibilizada pela Fundação Oswaldo Cruz, responsável pela produção e importação da tecnologia utilizada no imunizante, informa que o reforço da vacina pode ser aplicado entre 4 e 12 semanas da primeira dose.

Entre os estados que já anunciaram a diminuição do prazo Pernambuco e Ceará aplicarão a segunda dose da AstraZeneca em um prazo de 60 dias, enquanto Espírito Santo e Piauí darão prazo de 70 dias e o Acre de apenas 45 dias. Alagoas e Sergipe também fizeram mudanças pontuais em suas aplicações. Já o estado de São Paulo chegou a se manifestar em prol da redução, mas aguarda o aval da Anvisa para oficializar e divulgar prazos.