Rebeca Andrade conquista prata no salto em Paris
Bárbara Noleto
03 agosto 2024 às 15h02
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Rebeca Andrade se consolidou como a ginasta mais premiada do Brasil, com um total de cinco medalhas olímpicas. A mais recente foi obtida na tarde de sábado, 3, na Arena Bercy, onde ela ficou com a prata na prova do salto da ginástica artística, atrás somente da craque norte-americana Simone Biles.
A atleta de Guarulhos, em São Paulo, teve ótimo desempenho no aparelho que é a sua especialidade. Almejando a pontuaçao de 15.100, ela obteve nota de 14.833 na execuçao, e portanto, registrou média de 14.966. Biles triunfou com 15.300, e a também norte-americana Jade Carey recebeu o bronze com 14.466.
Dessa forma, Rebeca alcançou o número de medalhas conquistadas por Robert Scheidt e Torben Grael, da vela. Ainda assim, ela terá a chance de ampliar sua coleção e liderar sozinha o marco brasileiro ainda em Paris. Isso porque, na segunda-feira, 5, se apresentará nas decisões de outros dois aparelhos, a trave e o solo.
A jornada da ginasta
Sua jornada como atleta olímpica começou em Tóquio 2020 (que aconteceu em 2021 devido à pandemia de Covid-19), onde ela já se mostrou uma revelação. Em sua primeira experiência, ela conquistou a medalha de ouro no salto e a prata no individual geral, tornando-se a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica na ginástica artística.No Japão, Simone Biles desistiu dessas finais por questões de saúde mental.
Em Paris, Rebeca mantém seu alto desempenho e é crucial na competição por equipes. Pela primeira vez, as brasileiras subiram ao pódio das Olimpíadas nesta categoria. Ou seja, “as meninas do Brasil” conquistaram algo significativo em nível internacional. O que é ainda mais impressionante, pois houveram muitos momentos de tensão, como a queda de Flávia Saraiva nas barras assimétricas nos aquecimentos. Saraiva cortou o supercílio, que sangrou, mas seguiu em frente normalmente na competição.
Andrade e Biles
Em Paris, Andrade e Biles, duas das maiores estrelas da ginástica mundial, compartilharam uma rivalidade amigável e uma profunda admiração mútua. Esse respeito ganhou destaque durante o Campeonato Mundial de 2023, quando Biles, em um gesto simbólico, “coroou” Andrade, reconhecendo seu lugar de destaque no esporte.
Biles já havia afirmado, ao término da final individual geral, na última quinta-feira, 1, em tom reverente, que estava “cansada” de enfrentar Rebeca. Segundo a norte-americana, dona de dez medalhas olímpicas, sendo sete delas de ouro, a brasileira exigiu mais de sua performance do que qualquer outra ao longo de sua carreira.
Na final do salto, elevou novamente seu nível para assegurar o topo do pódio. Seu primeiro movimento teve nota de dificuldade 6.400, considerado altíssimo. E sua execução conquistou um 9.400, portanto, um total de 15.700, com desconto de 0.1 por ter pisado fora do limite. No segundo, partiu de 5.600 e teve 9.300 de execução, com um total de 14.900. Na média, ficou com 15.300.
Era muito dura a tarefa de Rebeca, que fez o que estava ao alcance e teve excelentes apresentações. Começou com um cheng de dificuldade 5.600, com execução 9.500 e total 15.100. Finalizou com um salto de dificuldade 5.400, com execução 9.422 e total de 14.833. Na média, 14.966, abaixo apenas da maior de todos os tempos.
As pedras e as flores plantadas no caminho
Ao olhar para o futuro, em entrevista à NBC, Andrade expressou incerteza sobre sua continuidade no esporte após Paris 2024. Isso porque, segundo a ginasta, sua permanência dependerá da condição de seu corpo. Independentemente de sua decisão, ela já deixou um legado inquestionável na ginástica brasileira e mundial, que inspira gerações futuras e presentes de atletas e jovens mulheres, especialmente negras. Portanto, sua representatividade e suas conquistas já marcaram a história do esporte no Brasil.
O caminho de Rebeca Andrade até Paris 2024 não foi fácil. Ela superou uma série de lesões graves, incluindo três rupturas de ligamento cruzado anterior (ACL) que poderiam ter encerrado sua carreira. No entanto, com determinação e uma abordagem cuidadosamente ajustada para seu treinamento e competições, ela conseguiu retornar ao mais alto nível do esporte. Sua parceria com o treinador Francisco Porath tem sido fundamental para esse processo, permitindo ajustes conforme necessário para garantir sua saúde e desempenho.
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