O Ministério Público de Goiás (MPGO) realizou uma coletiva de imprensa para falar sobre a investigação de uma organização criminosa suspeita de manipulação de resultados em partidas de futebol no Brasil. A segunda fase da Operação Penalidade Máxima foi deflagrada nesta terça-feira, 18. 

Segundo o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Rodney da Silva, os atletas, quando assediados, rejeitam as propostas. “São vítimas os atletas que jogam corretamente, árbitros são vítimas, clubes, CBF, federações e, por incrível que pareça, as casas de apostas também são vítimas”, expôs durante coletiva de imprensa.

Para o coordenador do Gaeco, há uma necessidade de mobilização da sociedade para discutir medidas para conter casos de corrupção esportiva. O MP suspeita que o grupo tenha atuado em jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, bem como em 5 partidas de campeonatos estaduais, entre eles, os campeonatos goiano, gaúcho, mato-grossense e paulista, todos deste ano.

Ofertas de R$ 100 mil

Para cooptar os jogadores a cometerem determinadas ações durante as partidas, o grupo criminoso oferecia valores entre R$ 50 a R$ 100 mil. As manipulações eram diversas e visavam sustentar resultados no primeiro ou segundo tempo, cometimento de faltas, número de escanteios e cartões ao longo da partida. 

As práticas delitivas podem se enquadrar nos crimes previstos na Lei nº 12.850/13, artigos 41-C e 41-D, do Estatuto do Torcedor, e artigo 1º da Lei n. 9.613/1998. 

Goianão

Uma das tentativas de assédio de jogadores profissionais ocorreu em uma partida disputada entre Goiás e Goiânia em 12 de fevereiro deste ano. De acordo com o coordenador do Gaeco, a oferta era para garantir a derrota parcial no primeiro tempo do Goiânia.

Manipulação na série A

Ao menos cinco partidas das últimas rodadas do Brasileirão de 2022 são alvos de suspeitas dos investigadores. Entre elas: Santos vs Avaí; Red Bull Bragantino vs América Mineiro; Goiás vs Juventude; Cuiabá vs Palmeiras; Santos e Botafogo e Juventude vs Palmeiras.

A Operação cumpriu 3 mandados de prisão preventiva, todos em São Paulo, e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de 6 Estados. 

Novos alvos

O promotor de Justiça, Fernando Cesconetto, pontuou ainda que houveram pessoas que já foram alvo de medidas relacionadas à manipulação de resultados e que também foram identificados novos autores. “Em Goiás tivemos um atleta investigado e um cumprimento de mandado de busca e apreensão. No Rio Grande do Sul foram 2 atletas, em Santa Catarina dois atletas investigados, Rio de Janeiro uma pessoa relacionada às apostas é investigado, Pernambuco foram 2 jogadores e em São Paulo tivemos 10 buscas e apreensões e três prisões preventivas”, detalha.