Radiação nuclear poderá ser usada para combater Aedes aegypti

23 janeiro 2016 às 15h57

COMPARTILHAR
Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU quer propor ideia a países durante visita ao continente americano

A radiação nuclear como forma de eliminar ou reduzir a população do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão do Zika vírus, dengue e chikungunya. Pelo menos é o que propõe Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (AIEA), que visitará países dos continentes americanos a partir de segunda-feira (25/1).
Neste sábado (23), três pessoas tiveram sua contaminação pelo Zika vírus confirmada em Nova York, nos Estados Unidos. Nesses casos, os pacientes fizeram viagens recentes para fora do país, segundo o Departamento de Saúde da cidade, para regiões em que a doença tem se propagado rapidamente. O órgão não repassou o nome das nações com alto grau de contágio do Zika.
Das três, duas apresentam melhora e uma já se recuperou, segundo o Departamento de Saúde de Nova York. Na sexta (22), as autoridades norte-americanas ampliaram o alerta de viagem para grávidas evitarem 22 destinos na América Latina e Caribe em decorrência do Zika vírus, responsável pelo aumento dos casos de microcefalia nesses países.
De acordo o diretor-geral da entidade da ONU e diplomata japonês, Yukiya Amano, afirmou que a Agência zela pelo uso pacífico da tecnologia nuclear, tem muita experiência nessa aplicação para controlar pragas.
“A tecnologia para a esterilização de insetos é muito eficaz na redução ou erradicação da população de mosquitos e outros portadores de doenças”, declarou Amano. O diretor-geral iniciará as visitas pelo Panamá, primeira escala nas duas semanas pela região da América Central e México.
O plano de Amano é reagir com rapidez à crise do aumento de casos da doença e usou como exemplo a ação para combater o surto de ebola na África em 2014. Com uso da tecnologia, o tempo de diagnóstico para o ebola foi reduzido de quatro dias para quatro horas.
Esterilização nuclear
A esterilização nuclear de insetos já teve êxito contra a mosca tse-tse, na África, que transmite a chamada “doença do sono” em humanos e afeta também o gado.
O diretor da agência da ONU lembrou, no entanto, que a entidade ainda trabalha na aplicação desta técnica sobre os mosquitos transmissores de outras doenças, como o Zika, e advertiu que o problema “não será resolvido da noite para o dia”.
Além disso, será necessário combinar a esterilização dos mosquitos com outras técnicas e medidas, como p uso de produtos químicos, armadilhas e redes, destacou Amano. Além do Panamá, ele irá à Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Guatemala e o México, com uma intensa agenda de contatos de alto nível.
Técnicas
A Agência Internacional de Energia Atômica já desenvolveu técnicas como a mutação de culturas mediante raios gama para conseguir novas variedades de plantas mais resistentes às doenças. Na Guatemala, por exemplo, a agência lançou um projeto para combater o Hemileia vastatrix, fungo que afeta as plantas de café.
A entidade também oferece tecnologia e formação médica para a luta contra o câncer na América central.
Amano recordou que a agência atua como intermediária num programa para que oncologistas da região – profissionais e estagiários – possam frequentar cursos de formação e especialização na Espanha. “A formação periódica é necessária porque a tecnologia avança muito rapidamente”. (Com Agência Brasil)