“Queremos fazer dessa eleição um palco de debate para a população”, diz Kátia Maria
16 fevereiro 2020 às 09h19
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De acordo com a presidente do Partido dos Trabalhadores em Goiás, Adriana Accorsi e Antônio Gomide são os nomes da sigla para as disputas de Goiânia e Anápolis
Na última semana, o Partido dos Trabalhadores (PT) reuniu sua equipe nacional em São Paulo para revisar a forma petista de governar e legislar, trabalhando na construção da plataforma eleitoral de 2020. A presidenta da legenda em Goiás, Kátia Maria, conversou com o Jornal Opção e contou como a sigla tem se organizado para articular suas candidaturas no Estado de Goiás para as eleições municipais deste ano.
“Faço parte da equipe nacional que vai estar revisando para ajudar nessa eleição, ajustando às novas demandas da sociedade, porque as pessoas precisam querer discutir propostas”, disse a professora que já está a frente do diretório estadual há três anos. “Para as cidades maiores, vamos fazer 27 encontros regionais. Vou andar por todo Estado de Goiás nos meses de março e abril preparando nossos candidatos a vereadores e a prefeitos para que possam fazer um debate real. Queremos fazer dessa eleição de 2020 um grande palco de debate para a população, fazendo um movimento de conscientização para as pessoas perceberem a importância e o reflexo que tem o voto de cada um.”
Kátia Maria conta que o PT se fortaleceu durante sua gestão em território estadual. “Prova disso é que quando entrei na presidência do partido, em 2017, nós estávamos organizados em 98 cidades. Hoje, nós estamos em mais de 235 municípios. Essa foi a primeira etapa que precisamos fazer para fortalecer o PT e preparar para a eleição de 2020”, sublinhou. “Agora estamos em uma fase de formação de chapa de vereadores em todos os municípios.”
Goiânia
Para a disputa ao Paço Municipal na capital, a presidenta do partido afirmou que a deputada Adriana Accorsi deverá ser o nome indicado. “Aqui, em Goiânia, a Adriana já colocou o nome dela à disposição e a Neide, como presidenta, vai fazer esse debate junto com todos os diretórios, promovendo o encontro para deliberar sobre os encaminhamentos do PT na cidade”, informou.
Sobre o legislativo, a sigla articula para eleger o máximo possível de candidatos às cadeiras da Casa de Leis. “Faremos um esforço para ter chapa completa em Goiânia, onde vamos ter mais de 50 candidatos para fazermos pelo menos três vereadores na Câmara Municipal”, explicou.
Anápolis
Segundo Kátia Maria, a disputa municipal em Anápolis deverá contar neste ano com o ex-prefeito Antônio Gomide, que é deputado estadual. “Segue o mesmo critério de trâmite do calendário eleitoral do PT em Goiânia. Lá, o diferencial é que Antônio Gomide aparece em primeiro lugar nas pesquisas, então o partido já está discutindo. Na última quinta-feira teve uma festa, onde a organização da candidatura foi fortalecida, com Gomide encabeçando a chapa. Todos os dois [Adriana e Gomide] estão apresentados e tem o apoio do partido. O diferencial é a pesquisas.”
O parlamentar, que passou recentemente por cirurgia já se mostra mais fortalecido fisicamente e começa a orquestrar os preparativos da campanha no município. “Ele se recupera bem. Faz fisioterapia e está na ativa. Tem feito toda movimentação política, orientando em Anápolis toda a equipe. Lá eles já estão em fase de organização do grupo de trabalho eleitoral, que é quem vai coordenar a campanha dele, então ele tem tido uma recuperação significativa cumprindo com seu papel legislativo na Assembleia e já regimentando nossa militância, a direção de Anápolis para sair com uma campanha vitoriosa para governar o município.”
Coligação Proporcional
Com a nova regra eleitoral que determinou o fim das coligações proporcionais, muitos partidos podem ser prejudicados caso não tenham grandes puxadores de votos para ajudar a conquistar assentos nas câmaras municipais. De acordo com Kátia Maria, a alteração na lei não será um problema para o PT.
“Para nós, com toda certeza, essa eleição será diferente. Enquanto os partidos acham que neste ano vai ficar mais difícil, no nosso ponto de vista, é uma vantagem não ter a aliança proporcional. Vai dar ao PT condição de fazer chapa própria, com todos os candidatos identificados com o nosso programa, o modo petista de legislar, e com condições de fazer uma campanha mais coletiva, buscando o fortalecimento de todos, porque se fizer um é do PT, se fizer três é do PT, se fizer cinco é do PT”, explicou a presidenta.
“Para nós, isso é uma vantagem, porque vai dar um pouco mais de clareza sobre qual é o projeto de cada partido para a cidade, para a sociedade. Quando se vai com uma aliança, como era na eleição passada, acaba que o projeto fica sendo secundário. Em uma aliança, às vezes, você tem um partido que nem comunga com o projeto. Tem uma identidade mínima, mas nem sempre tem um nível de afinidade que nós gostaríamos. Esse modelo vai ajudar um pouco mais a debatermos com a sociedade qual é o projeto que cada partido defende para cada município.”
No entanto, Kátia conta que o partido ainda vai decidir se aceitará ou não coligações. “Participei agora, no Rio, de reunião da executiva onde foi tratada uma resolução sobre a nova política de alianças: com quem o PT pode e com quem não pode fazer aliança. Junto disso, um calendário, no qual as pessoas podem estabelecer um prazo para definir a tática eleitoral. Isso significa dar o direito a alguém que quiser defender aliança com outros partidos a poderem se manifestar. Não tendo interesse, entra na discussão o nome para pré-candidatos de cada cidade”, explicou.
Outras mudanças
Na opinião da líder petista estadual, a disputa deste ano será interessante e, com certeza, diferente das anteriores. “Com essa nova regra eleitoral, não poder ter coligações proporcionais, o poder aquisitivo tende a diminuir ainda mais do que foi em 2018, porque os próprios candidatos só podem doar para sua campanha até 10% do que foi declarado no imposto de renda. Antes era 100%. Se ele quisesse pegar todo o patrimônio e colocar na campanha, ele poderia. Então, a nova regra vai propiciar que essa atuação esteja mais perto das propostas e mais distante do poder econômico.”
Outra mudança da legislação, é que a Justiça Eleitoral estabeleceu um mínimo de 30% nas candidaturas femininas. “Na nossa direção, nós temos uma regra, que é a regra da paridade. 50% da direção do PT tem que ser ocupada por mulheres. Em Goiás, eu tenho a honra de ser a presidenta, então significa que as mulheres são a maioria. Tem 50% mais 1, que é a presidenta. A mesma coisa, temos uma cota de 20%, que é ocupada pela população negra e outra cota de 20%, que é ocupada pela juventude.”
“Nas eleições, para mim, é sempre desafiador. A desigualdade de gênero está presente em todos os lugares. Na disputa eleitoral, às vezes mais ainda. No PT sempre foi mais tranquilo cumprir com essa cota, porque a gente já faz esse procedimento internamente no partido. Então, estamos incentivando muito para que mulheres, jovens, população negra e comunidade LGBT possam estar representadas nessa chapa de vereadores. É um estrato da sociedade que precisa dialogar e se sentir representada nos espaços de poder”, declarou a presidenta.
“Para as mulheres sempre é mais difícil, até porque já viemos de uma sociedade estigmatizada, em que para estar na política, a mulher tem que dar conta de todas as obrigações, casa e profissional, para poderem se manter na política também. É desafiador, mas temos tido inúmeros exemplos de que é possível. Por exemplo, temos a nossa governadora no Rio Grande do Norte, a Fátima Bezerra, que tem feito um extraordinário trabalho. Então temos provas reais que mulheres podem assumir os comandos do legislativo e executivo e darem sua contribuição”, afirmou.
“Tenho sempre dito que não se trata de querer ser melhor que os homens. Eles têm um tipo de habilidade e as mulheres outro tipo de habilidade. A sociedade precisa mesclar essas habilidades para poder transformar e ter um desempenho melhor na elaboração das políticas e execução de programas que possam atender a maioria da população. A maioria da população é constituída por mulheres, por negros e temos um número significativo de jovens, mas esses estratos sociais não estão representados. São chamados de minoria da sociedade, mas na verdade são a maioria. São minorias apenas no estrato de poder, porque no estrato da sociedade, é uma maioria.”