Segundo arquiteto urbanista Luciano Caixeta, já é possível triplicar população de Goiânia mesmo sem expansão urbana

Luciano Caixeta – arquiteto urbanista | Foto: Alexandre Parrode/ Jornal Opção

Mayara Carvalho

A expansão urbana é um dos principais pontos de discussão da  revisão do Plano Diretor de Goiânia. Até agora, só foi descartada na região Norte da cidade, ponto de recarga do lençol freático, que será preservada por conta da crise hídrica que a metrópole enfrenta.

Para o arquiteto urbanista Luciano Caixeta, esse é um dos principais equívocos que estão sendo cometidos.  “Quem defende a expansão urbana é porque não conhece o Plano Diretor. Uma das vertentes desse plano é que fossemos uma cidade compacta. Compacta para ser mais barata do ponto de vista de manutenção, das obras públicas, da segurança pública e principalmente da mobilidade”, defende.

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O especialista, que é candidato nas eleições do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, alerta que da última revisão para cá, o número de lotes que podem ser adensados triplicou e foi esse aumento que comprometeu a mobilidade da cidade. “Discutir expansão sem discutir mobilidade, sem discutir uso do solo é impossível. Fica uma discussão política, vazia, de interesses que não são o da população.”, completa.

Fazendo contas, o urbanista afirma que apenas com a quantidade de lotes vazios existentes hoje na capital é possível triplicar o número de habitantes de Goiânia: “Se hoje já enfrentamos tantos problemas de mobilidade, imagina como ficaria com o triplo da população atual…”

Como sugestão para democratizar o adensamento da capital, o arquiteto diz que é preciso reformular a verticalização em Goiânia. O atual Plano Diretor permite, em algumas áreas, apenas a construção de prédios com térreo e mais dois pavimentos. Já em outras áreas, não existe limite de altura. “Se a gente aumenta a verticalização em algumas áreas e limita a altura em outras a gente consegue democratizar o adensamento da cidade”, analisa.

Outro ponto destacado por Luciano Caixeta como falha na concepção das atuais diretrizes, é a questão da infraestrutura: muito da crise hídrica e da falta de energia que a cidade enfrenta hoje, são resultantes daquilo que o plano diretor permitiu.

“Goiás está preparado para um número x de pessoas pra serem atendidas na parte elétrica, de esgoto e água. A população aumentou sem mexer nessa infraestrutura. No plano diretor não foram consultadas nem a Celg nem a Saneago, elas ficaram à margem da situação. A discussão se deu muito mais na questão do uso do solo que é o que interessa as grandes incorporadoras e imobiliárias e menos para a população”, arremata.

Eleição 

Nesta terça-feira (31/10), os arquitetos e urbanistas de Goiás elegem a nova diretoria que comandará a entidade entre 2018 e 2020. Em todo o Estado, o número de profissionais aptos a votar é de 2.265, segundo lista publicada pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN).

São três chapas concorrendo. Confira a composição de cada uma e as propostas apresentadas: Chapa 1, Chapa 2 e Chapa 3.