Putin diz que se a Europa quiser guerra “a Rússia está pronta”
02 dezembro 2025 às 17h37

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça, 2, que o país está preparado para um conflito caso a Europa decida avançar em direção a uma guerra. A declaração foi feita durante um fórum de investimentos em Moscou, após líderes da OTAN admitirem publicamente a possibilidade de ataques preventivos contra alvos russos.
Putin acusou os países europeus de não terem agenda de paz e disse que eles tentam dificultar negociações conduzidas pelos Estados Unidos e por Donald Trump para um possível acordo sobre a guerra na Ucrânia.
A fala ocorre depois de o chefe do comitê militar da OTAN, Giuseppe Cavo Dragone, afirmar, em entrevista ao Financial Times, que a aliança discute ações mais “agressivas e preventivas”. Segundo ele, um eventual ataque antecipado contra a Rússia poderia ser classificado como “defensivo”, tese vista com preocupação por diplomatas europeus.
Dragone declarou que a OTAN tem sido alvo de “ataques híbridos” e que é necessário reavaliar a estratégia de dissuasão. Ele afirmou que as restrições legais impostas aos países-membros tornam a atuação da aliança “mais complicada” que a do adversário.
A Rússia reagiu duramente. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, chamou as declarações de “extremamente irresponsáveis” e acusou a OTAN de sabotar esforços diplomáticos para encerrar o conflito.
Moscou vê acordo distante
Na última quarta, 26, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ainda é “prematuro” falar em avanço concreto para um acordo de paz. Ele disse que há agentes internacionais tentando sabotar as conversas e minimizou expectativas de um desfecho rápido.
As declarações ocorreram depois de Yuri Ushakov, conselheiro de Putin, reconhecer que alguns pontos da proposta americana poderiam ser discutidos. O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, deve se reunir com Putin em Moscou na próxima semana.
O plano apresentado por Washington pressiona a Ucrânia a ceder territórios ocupados pela Rússia e a reduzir pela metade o efetivo militar, condições rejeitadas pela União Europeia e consideradas “inaceitáveis” por Kiev.
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou que um acordo não pode ser negociado sem a presença de europeus e ucranianos. O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, classificou a proposta americana como “capitulação”.
O debate cresceu em meio ao ataque russo que deixou ao menos 26 mortos em Ternopil, no oeste da Ucrânia, um dos mais letais dos últimos meses.
Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano. Avanços diplomáticos recentes se limitam a acordos de troca de corpos e de prisioneiros.
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