PSDB responde: atitude de Delegado Waldir demonstra indiferença e descaso
14 fevereiro 2016 às 21h36

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Após parlamentar abandonar prévias, presidente do PSDB Goiânia afirma, em carta, que Waldir deu as costas aos filiados e a boa parte de seus eleitores

O PSDB Metropolitano respondeu, neste domingo (14/2), a carta apresentada à legenda pelo deputado Delegado Waldir, na última sexta-feira (12), em que enumera 22 motivos para deixar de disputar as prévias que definirão o nome do partido para a disputa à Prefeitura de Goiânia. Em comunicado, assinado pelo presidente metropolitano Rafael Lousa, a sigla diz que o parlamentar “deu as costas aos seus filiados, boa parte de seus eleitores e para o partido que o acolheu a mais de 6 anos e lhe deu legenda e espaço”.
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Na avaliação do PSDB goianiense, a atitude de Waldir demonstrou sua total “indiferença, desprezo e descaso” com os filiados e acrescentou discordar de 20 dos 22 motivos apresentados por Waldir em sua polêmica lista. Na carta de resposta, o presidente lembra, ainda, que o partido promoveu o diálogo entre todos os que apresentaram seus nomes para o pleito municipal, e frisa que faltou interesse do próprio delegado em cultivar apoio dentro no ninho tucano.
“Nunca soubemos de nenhuma tentativa do então pré-candidato Waldir de buscar o apoio de quem quer que seja dentre os demais pré-candidatos e, hoje, o que se constata é que não recebeu de nenhum deles a confiança e nem o apoio que não cultivou”, diz o comunicado.
O presidente critica a desconfiança do delegado quanto à realização das prévias partidárias, atestando a legitimidade das mesmas. “O fato de termos definido pelas prévias com todos os filiados já demonstrava a independência e imparcialidade do diretório em relação a qualquer pré candidatura e garantiu a isonomia de condições para todos os pretendentes.”
A carta nega também a alegação do parlamentar de que um número superior a 2 mil filiados estariam trabalhando em órgãos governamentais em várias esferas e isso seria prejudicial à sua postulação. A sigla argumenta que, do número apresentado pelo próprio ex-candidato, quase 800 filiados estariam lotados na Prefeitura de Goiânia, local em que o PSDB é oposição e não apresenta influência a pelo menos 16 anos.
“Temos que exaltar e enaltecer também a postura ética, isenta e democrática de nossos dois maiores líderes, que tem advogado sempre pelo aprofundamento da democracia interna e mantido com seus exemplos o fortalecimento e a garantia de que novas lideranças possam surgir, desde que forjadas no corpo a corpo direto com os filiados, no exercício convergente do convencimento e não através de pirotecnia midiática, de um circo acusatório em que processos inquisitórios apontam quem não concorda como suspeitos e culpados pelo fracasso daquele que sequer teve a coragem de enfrentar uma disputa aberta”, finaliza a carta.
Confira na íntegra o comunicado assinado pelo presidente Rafael Lousa:
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Executiva de Goiânia, na pessoa de seu presidente, vem a público, afirmar que, após sermos formalmente notificados, acatamos e respeitamos a decisão unilateral, mas legítima do deputado federal Delegado Waldir Soares de desistir de participar das prévias partidárias para escolha do representante do partido nas eleições municipais de 2016, reiteramos, entretanto, que discordamos frontalmente de 20 das 22 razões elencadas pelo então pré-candidato para sua decisão.
Assim o fazemos por entendermos que fica claro na própria exposição de motivos apresentada, que o então pré-candidato teve total acesso a todas as informações disponíveis ao longo do processo interno do partido e assim como todos os demais pretendentes, pôde opinar e usufruir ativamente da vida partidária, teve amplo espaço para participar, divergir, buscar convencer, tentar aglutinar e convergir com os colegas de partido e com nossos ilustres filiados, e que mesmo tendo ele, indicado o primeiro vice na chapa da executiva eleita para comandar o partido em Goiânia e a presidência em Aparecida de Goiânia, mesmo assim, optou por se isolar, por renunciar de forma unilateral aos referidos cargos, por virar as costas aos filiados e boa parte de seus eleitores e para o partido que o acolheu a mais de 6 anos e lhe deu legenda e espaço.
O próprio então pré-candidato afirma que participou da formação de todos os órgãos partidários e das reuniões com os diversos segmentos partidários, das discussões e debates nas zonais e com os filiados, e afirma ter sido o primeiro a pedir para ser o representante do partido nas eleições para prefeito, o que demonstra que teve amplo tempo para se relacionar com os membros do PSDB e tentar convencê-los. Não lhe faltaram oportunidades, tempo e espaços para buscar viabilizar sua pré-candidatura dentro do PSDB.
Mas apesar de toda transparência e sinceridade com que sempre atendemos e nos relacionamos com o deputado, o mesmo preferiu dizer inúmeras vezes publicamente que não precisava de ajuda do partido ou de seus membros e que seria candidato no PSDB ou em qualquer outro partido, demonstrando a todos sua total indiferença, seu desprezo e até descaso com nossos nobres filiados, que tanto nos orgulham e que ajudaram a construir um PSDB forte e representativo em Goiás e em Goiânia.
Talvez esse seja o maior motivo pelo qual ele tenha tomado a decisão de desistir. A dura constatação de que passou o tempo tentando escolher concorrentes internos e critérios que lhe convinham e não teve tempo para convencer os filiados que agora poderiam ser seus eleitores.
Quem acompanhou pôde perceber que realizamos nos últimos oito meses uma verdadeira maratona democrática, onde pudemos dialogar com todos os pretensos candidatos, que colocaram suas intenções e critérios para estabelecermos a forma de escolha de nosso representante.
Ao longo deste processo, cada um pôde colocar sua opinião individualmente, suas preferências e assim chegamos a ter oito pré-candidaturas.
Legitimamente, alguns pré-candidatos foram tomando suas decisões de buscar um consenso interno e foram se ausentando do processo, declarando suas preferências por outros nomes ou mesmo dizendo que apoiariam o escolhido ao final.
Nunca soubemos de nenhuma tentativa do então pré-candidato Waldir de buscar o apoio de quem quer que seja dentre os demais pré-candidatos e, hoje, o que se constata é que não recebeu de nenhum deles a confiança e nem o apoio que não cultivou.
Em termos de critérios para escolha, não chegamos a um consenso, cada pré-candidato tinha sua preferência e, como determina nosso estatuto, levamos a decisão ao Diretório Municipal, formado por 71 membros titulares, a quem cabe deliberar sobre a forma de escolha quando não ocorre consenso.
À época, o diretório municipal entendeu que tentaríamos o consenso entre os pré-candidatos até o final de janeiro e caso não houvesse, a forma definida seria a realização de prévias com a participação ampla dos filiados para que não houvesse nenhum motivo para desconfiança quanto a possibilidade de se dizer que o número de votantes poderia ser influenciado ou manipulado.
Também à época, o então pré-candidato já fazia insinuações neste sentido, dizendo que teríamos um candidato de bolso de colete, escolhido por poucos em reuniões fechadas.
O fato de termos definido pelas prévias com todos os filiados já demonstrava a independência e imparcialidade do diretório em relação a qualquer pré candidatura e garantiu a isonomia de condições para todos os pretendentes, afinal nada mais democrático do que ouvir a opinião de todos a partir de uma decisão colegiada, pública e legitimamente eleita, lembrando que as datas tanto das inscrições quanto da realização das prévias foram decididas por consenso em reunião com a presença de todos os pré-candidatos, inclusive o deputado Waldir, além dos presidentes de zonais e a executiva, sendo definido o dia 21 de fevereiro para sua realização e o dia 22 como limite para as inscrições, exatamente para garantir um amplo debate com os filiados em todas as regiões de Goiânia, atendendo, portanto, ao pedido de todos os interessados e permitindo que houvessem os debates entre os pré-candidatos e uma maior interlocução entre esses e os nossos filiados.
Não podemos deixar de esclarecer ainda que os dados cadastrais que constam em nosso banco de dados são declarados pelos próprios filiados no momento de sua filiação e que todos os dados disponíveis foram ofertados publicamente, num mesmo momento e presencialmente a todos os pré-candidatos, sendo inclusive entregues em mãos; e que possíveis desatualizações ou ausência de dados não poderiam ser atribuídas ao partido e se prejudicam, prejudicam de igual forma a todos os pretendentes, o que demonstra a igualdade de condições e não nos parece configurar motivo para a desistência anunciada.
Nem tampouco procede a alegação de que um número superior a 2 mil filiados estariam trabalhando em órgãos governamentais em várias esferas e isso seria prejudicial à sua postulação, até porque pelos números publicados nos jornais a partir de informações fornecidas pelo próprio ex-candidato, quase 800 destes estariam na Prefeitura de Goiânia, local em que somos oposição e não temos nenhuma influência a pelo menos 16 anos. Além do mais, ao fazer essa argumentação, Waldir parece querer induzir a um raciocínio de que servidores públicos mesmo filiados ao mesmo partido que ele, teriam algo contra ele e por isso não votariam nele e em sua totalidade votariam nos demais pré-candidatos.
Esses dados por si só deixam claro mais uma vez que o processo tem transcorrido de maneira isenta e transparente por parte do diretório municipal do PSDB e assim o faremos sempre.
Quanto às alegações de interferência externa no processo de escolha, temos que reconhecer que todos os filiados, independente da posição que estejam tem o direito de terem suas preferências e de trabalharem para seus candidatos e se eventuais abusos ocorrerem, devem ser levados a comissão eleitoral, órgão competente para apurar e decidir sobre as acusações, punindo se for o caso, os beneficiados com as alegadas interferências.
É fundamental também reafirmar nosso total apoio e confiança no trabalho exercido pela comissão eleitoral e em especial, na conduta ilibada, honradez e isenção de seus membros. Todos eles merecem nossos aplausos não só pelo histórico de serviços prestados ao partido, mas principalmente pela forma imparcial e compromissada com que tem exercido suas funções na referida comissão.
Temos que exaltar e enaltecer também a postura ética, isenta e democrática de nossos dois maiores líderes, que tem advogado sempre pelo aprofundamento da democracia interna e mantido com seus exemplos o fortalecimento e a garantia de que novas lideranças possam surgir, desde que forjadas no corpo a corpo direto com os filiados, no exercício convergente do convencimento e não através de pirotecnia midiática, de um circo acusatório em que processos inquisitórios apontam quem não concorda como suspeitos e culpados pelo fracasso daquele que sequer teve a coragem de enfrentar uma disputa aberta.
Rafael Lousa