Promotor oferece denúncia contra dono de clínica onde internos eram torturados
17 junho 2014 às 15h32
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Entre os delitos listados estão associação criminosa, cárcere privado, redução à condição análoga à de escravo, maus-tratos, tortura, crime contra relação de consumo e tráfico de drogas
O dono e o gerente da Comunidade Terapêutica Portal da Vida, em Cachoeira Dourada, são alvos de denúncia oferecida pelo promotor de Justiça Marcelo de Freitas por diversos crimes cometidos dentro da instituição. Entre os delitos listados estão associação criminosa, cárcere privado, redução à condição análoga à de escravo, maus-tratos, tortura, receptação, venda e fornecimento de produtos que causam dependência física e psíquica a menores, crime contra relação de consumo e tráfico de drogas.
Pedro Ceschim, conhecido como Pedro Mala, era o diretor-geral da clínica e Daniel Garcia era o coordenador-geral da instituição. Os dois denunciados, que estão atualmente recolhidos no Presídio Regional de Itumbiara, foram presos no último dia 29, quando foi deflagrada a Operação Monte Cristo, realizada pelo Ministério Público de Goiás em parceria com a Polícia Civil.
As apurações sobre o caso começaram há mais de um ano, quando chegaram denúncias à Polícia Civil e ao MPGO. Com a comprovação de que os atos ilícitos eram de fato cometidos na clínica, o órgão ministerial requereu ao Poder Judiciário ordem de interdição das atividades da clínica, bem como busca e apreensão para o local e para as residências dos envolvidos, no próprio município e em Itumbiara.
Participaram da operação 35 agentes e sete delegados do 2º Distrito Policial de Itumbiara, Genarc, Gepatri, 6ª DRP de Itumbiara, Deam e delegacias de Goiatuba e de Bom Jesus, coordenados pelo delegado Lucas Finholdt, titular do 2º DP de Itumbiara.
Durante as averiguações, foram encontradas pessoas trancafiadas em um quarto com grades e cadeados. Entre eles havia três menores de idade e deficientes mentais.
Foram encontradas grandes quantidades de cigarros contrabandeados do Paraguai, que eram armazenados no depósito da clínica e vendidos aos internos a preços exorbitantes, inclusive aos menores. Os policiais também localizaram medicamentos sem qualquer tipo de receituário, sendo que alguns deles constam nas listas da Anvisa como causadores de dependência física e psíquica.
Um cassetete foi apreendido que, segundo os internos, era utilizado em sessões de espancamento naqueles que fizessem questionamentos. Segundo relatos, os homens mantidos na clínica eram constantemente dopados e agredidos em um cômodo chamado por eles de “quarto da tortura”.