Goiânia ganhou neste mês um novo ponto cultural com a inauguração do Museu do Depois do Amanhã (MUDDA), ocupando o antigo prédio da Companhia Energética de Goiás (Celg) e da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

Este local, que fica na Avenida Anhanguera, e marcado pelo abandono e deterioração, foi construído no final dos anos 1950 pelos arquitetos Gustav Ritter e Oton Nascimento. Até agosto de 2023, abrigou um afresco pintado por Frei Confaloni.

“Acho que é o primeiro modelo do Brasil, talvez do mundo, que é forjado em cima de um prédio que não foi tombado. Em 2020, o prédio abandonado passou a ser deteriorado e vandalizado, inviabilizando o tombamento”, afirmou, ao Jornal Opção, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Glauco Gonçalves, também um dos idealizadores do projeto.

O MUDDA é um projeto desenvolvido por um grupo de pesquisadores, artistas e ativistas. O museu integra as intervenções da natureza, como plantas que brotam, fungos e musgos que crescem nas paredes e tetos, além das marcas da humanidade, incluindo depredações e o descaso dos proprietários.

O objetivo é fomentar o debate sobre o patrimônio arquitetônico e histórico de Goiânia, valorizando tanto a produção artística do tempo, do acaso e do descaso quanto de artistas menos reconhecidos.

“É um prédio que deveria ser tombado. Esse gesto de transformá-lo em um museu, é um gesto de debate sobre o sentido do patrimônio histórico, sobre a memória da arquitetura goiana, da preservação e também sobre a valorização desses artistas de rua que ocuparam o prédio com centenas de grafites”, disse Glauco.

O espaço também recebe diversas intervenções artísticas, como pinturas em grafite, lambe-lambes, vídeos e performances. “O prédio está sendo ocupado por artistas de rua, tem muito vídeo-arco, tem acontecido gravações de videoclipes de músicos goianos e de outros lugares. Então, a gente, por conta própria, resolveu fazer um espaço de cultura e arte, enquanto ele não para de cair”, completou o professor.

O museu adota uma metodologia de classificação de obras e acervo similar a de um museu tradicional, mas se destaca por infiltrar-se nas brechas de um edifício abandonado.

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