Segundo vereadora Aava Santiago, que lidera grupo de estudos sobre o assunto na Câmara Municipal de Goiânia, ainda há grande temor entre os profissionais da rede, compostos, em sua maioria, por mulheres com comorbidades

Aava Santiago em reunião com o secretário de Educação de Goiânia, Marcelo Costa | Foto: Reprodução

Encabeçado pela vereadora Aava Santiago (PSDB) e pelo vereador Mauro Rubem (PT), a Câmara Municipal de Goiânia conta com um grupo dedicado a analisar as diferentes possibilidades de volta às aulas presenciais na rede municipal de ensino da capital.

O grupo tem conversado com pais, diretores, professores e demais profissionais da área sobre a expectativa de retorno e, segundo a vereadora Aava Santiago, a esmagadora maioria permanece relutante.

“Existe um temor gigante, o que ouvimos até agora é que a comunidade escolar não quer voltar. Eles apontam não só o coronavírus em si, mas também as dificuldades estruturais de se aplicar as medidas sanitárias na rede municipal. Além disso, a maioria é composta por mulheres com comorbidades”, declarou a vereadora à reportagem.

Na interpretação da vereadora, esse processo de apuração é fundamental. “A partir disso podemos levar aos técnicos o real cenário que essas pessoas se encontram”, argumenta.

A vereadora se reuniu na manhã desta terça-feira, 12, com o secretário de Educação de Goiânia, Marcelo Ferreira da Costa, que se comprometeu a disponibilizar um técnico da pasta que acompanhará as próximas reuniões do grupo.

O grupo deve se reunir às 14h desta terça-feira, 12, para discutir os levantamentos realizados até o presente momento. Ainda de acordo com a vereadora, mais de 60 diretores já foram consultados. A equipe conta a participação da equipe técnica de ambos os gabinetes, bem como com professores da rede municipal de ensino e doutores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade de Brasília (UNB).

“Não existe solução simples para problema complexo”

A vereadora diz que busca ouvir todos os lados envolvidas num possível retorno de aulas presenciais para conseguir elaborar um relatório que contemple várias demandas, mas adianta que não existe solução ideal para o problema.

“São muitos interesses conflitantes, imagina que você tem mães desesperadas porque estão trabalhando, mães muito angustiadas porque estão sendo demitidas com os CMEIs fechados e você tem profissionais dos CMEIs que são uma maioria de mulheres portadoras de comorbidades. Então como se chega num consenso? A mãe está dizendo volta às aulas já, o bar está lotado, o ônibus está lotado e o CMEI está fechado. E o educador está dizendo: nós não podemos colocar a saúde da educação em risco. Então é difícil, não existe solução simples para problema complexo”, lamenta.

Por fim, a vereadora não acredita que um retorno gradual, com atendimento de 30% a 50% dos alunos seja plausível. “Como colocar crianças para seguirem protocolos de segurança se nem mesmo os adultos conseguem seguir?”, questiona.