Decisão pode mudar o cenário da disputa; senador Irajá Abreu (PSD) já abandonou base do governo, seguindo Avante e PRTB

Professora Dorinha e Kátia Abreu: movimentação esquenta disputa por vaga no Senado | Fotos: Reprodução

As especulações apontam que estaria havendo uma reviravolta na política do Tocantins. A deputada federal Professora Dorinha (UB) apontada como pré-candidata a senadora na chapa do ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PL), pode ser anunciada a qualquer momento como integrante da chapa do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), também para a disputa ao Senado. A deputada ainda não se manifestou sobre o assunto.

Na base do governo, a notícia estaria provocando simultaneamente comemoração e insatisfação. Aliados de Dimas, por outro lado, avaliam que o melhor para a deputada se eleger senadora seria na oposição, numa chapa competitiva. Com o governo, a eleição para o Senado estaria aberta, assim como para o Palácio Araguaia.

Os indicativos mais consistentes de que estariam havendo mudanças na configuração da chapa governista vêm da própria base do governo, em forma de insatisfação. O senador Irajá Abreu (PSD) acaba de anunciar apoio ao pré-candidato Osires Damaso (PSC), seguindo os partidos Avante e PRTB, partidos que integram o bloco de apoio ao clã Abreu. Os dois partidos anunciaram na semana passada que estariam abandonando a base governista para apoiar Damaso.

A decisão do senador Irajá Abreu obrigou sua mãe – e pré-candidata à reeleição –, a senadora Kátia Abreu (pP), a se manifestar publicamente sobre o assunto, por meio de suas redes sociais:

“Eu respeito a decisão do senador Irajá, ele é presidente do PSD, tem seu grupo político, deve ter consultado esse grupo, mas eu não fui consultada. Eu sou presidente do Partido Progressistas (pP), nós temos 34 (pré)candidatos a deputado estadual e federal, uma (pré)candidata ao Senado; 33 prefeitos, vários ex-prefeitos, dezenas de líderes e vereadores que gostariam também de participar dessa decisão, manifestando sua opinião. Nós fomos pegos de surpresa, repito; respeito a decisão de qualquer líder político, presidente de qualquer partido, o que me resta diante de um sistema democrático.”

A senadora ainda fez questão de enfatizar que na sua história política nunca fez jogo duplo. “Nunca usei de artifícios para melhorar a minha vida. Sempre fui uma pessoa muito transparente, muito clara nas minhas opiniões e postura e até mesmo me prejudico por isso. Não há qualquer possibilidade de conluio, de qualquer tipo de ação menor para se aproveitar de uma situação, não. Eu não faço esse tipo de jogo. Nunca fiz e nunca faria. Essa decisão, é uma decisão exclusiva do senador Irajá”, completou.

A preocupação da senadora Kátia Abreu, em afastar qualquer possibilidade de retaliação, diz muito. Há uma insatisfação, mas algo que ainda é passível de entendimento. Poderíamos dizer que o clã Abreu mandou um recado sutil ao governador Wanderlei Barbosa. Negociação com qualquer partido será bem-vinda, desde que não inclua a indicação de nome para concorrer ao Senado, lugar para o qual já há pré-candidatura.

Se isso acontecer, o governador poderá ter problemas de desagregação da sua base. É sintomático que os partidos Avante e PRTB deixem a base do governo sem fazer críticas a ninguém, o que se entende que saíram deixando uma porta aberta para retornar, se necessário for. O mesmo que a senadora tentou fazer com sua explicação: respeita a decisão do senador Irajá, mas ressalta sua fidelidade ao governador Wanderlei Barbosa.