Professor Pasquale corrige Cármen Lúcia e prova que termo presidenta está correto
18 agosto 2016 às 16h57

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Ministra do STF afirmou que prefere ser chamada de “presidente”, pois é “amante da Língua Portuguesa”

O renomado professor Pasquale Cipro Neto deu um tapa de luva de pelica a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia por ter sugerido que apenas a palavra “presidente” estaria em acordo com a língua padrão.
Durante sua pose na presidência do STF, ela afirmou que foi estudante e é amante da Língua Portuguesa e, portanto, não queria ser chamada de “presidenta”, como prefere Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto do Executivo brasileiro.
“O que não se pode, de jeito nenhum, é ditar ‘regras’ linguísticas totalmente desprovidas de fundamento técnico, mas foi justamente isso o que mais se viu/ouviu/leu desde que Dilma manifestou a sua preferência por ‘presidenta’, forma que não foi inventada por ela”, escreveu.
De acordo com o linguista, a terminação “nte”, que vem do particípio presente latino, forma (em português e em outras línguas) adjetivos e substantivos que indicam a noção de “agente” (“pedinte”, “caminhante”, “assaltante”). “99,9999% desses termos não têm variação; o que varia é o artigo ou outro determinante (o/a viajante, o/a estudante, nosso/nossa comandante), mas é claro que há exceções”, completou.
Uma delas é justamente “presidenta”, registrada há mais de um século. Segundo o professor, na sua edição de 1913, o dicionário de Cândido de Figueiredo registra “presidenta”, como “neologismo”. Um século depois, esse “neo” perdeu a razão. A edição de 1939 do “Vocabulário Ortográfico” registra o termo. A última edição de cada um dos nossos mais importantes dicionários e a do “Vocabulário Ortográfico” também registram.
Mesmo citando os dicionários, Pasquale pede “cuidado” ao usá-los como argumento: “Nada de dizer que ‘a palavra existe porque está no dicionário’; é o contrário, ou seja, a palavra está no dicionário porque existe, porque tem uso em determinado registro linguístico”.
“Tenho profundo respeito pela ministra Cármen Lúcia, não só pela liturgia do cargo, mas também e sobretudo pela altivez com que o professa. Justamente por isso, ouso dizer que teria sido melhor ela ter dito simplesmente ‘Prefiro presidente'”, arrematou