Professor goiano prepara equipe para disputar Nacional de Boxe

24 outubro 2015 às 13h04

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Competição será realizada em Aracaju e deve contar com grandes promessas goianas, que treinam pesado para conquistar o título

O Campeonato Nacional de Boxe, que será realizado em Aracaju, no Sergipe, está se aproximando e vai contar com dez atletas goianos na disputa. Para a competição, no início de novembro, a Team Malhado, equipe liderada pelo professor Ismael Vieira, o Malhado, fez um trabalho de preparação árdua com atletas de peso. Entre eles, Kairo Junio Ribeiro, que ficou na terceira colocação do ano passado.
“Nós fomos pro Nacional no ano passado na raça, com o Kairo lesionado, sem estar totalmente preparado, e ele, mesmo assim, conseguiu ficar em terceiro lugar”, conta Malhado. Segundo ele, a situação em 2015 é diferente: “Estamos nos preparando há um ano. A gente está indo pra ser campeão”.
Outra das apostas da equipe é Brendo Vieira, de apenas 17 anos, que compete desde os 13 anos. Assim como Kairo, ele passou por uma preparação diferenciada e intensa para o torneio, com acompanhamento de um preparador físico e nutricionista. “Estou preparado fisicamente e psicologicamente, vamos ganhar esse título”, diz, confiante. Este é o quarto Brasileiro de que participa.

Eles treinam na academia Team Nogueira, franquia fundada pelos irmãos Rodrigo e Rogério, conhecidos como Minotauro e Minotouro, lutadores do Ultimate Fighting Championship (UFC). Ali, além do boxe, os alunos têm toda a estrutura para treinar jiu-jitsu, muay-thai e MMA e também para praticar CrossFit e musculação.
A rotina dos atletas é pesada: boxe todos os dias, dividindo-se entre teoria e combate técnico, e treinamento da parte física, com CrossFit e corrida, três vezes por semana. “Temos dois atletas prontos para competir com qualquer boxeador do Brasil”, sentencia Malhado.
Falta de incentivo
Apesar da grandes chances de vitória, os atletas enfrentam fortes dificuldades financeiras para participar dos campeonatos. Malhado reclama da falta de patrocínio e explica que nem as empresas nem o governo veem potencial nos boxeadores goianos. Há dez anos levando competidores para torneios em todo o Brasil, o professor conta que, quando recebe ajuda, é de amigos que financiam uma ou outra passagem, ou ajudam com as inscrições.
O professor Nilton Freitas, que treina os alunos da academia e é irmão do campeão Popó Freitas, reforça as reclamações de Malhado. “A gente faz por amor mesmo, porque não tem ajuda nenhuma. Já cansei de colocar os meninos no meu carro, pagando alimentação, inscrição e tudo mais sozinho”, relata.

Os dois concordam que faltam patrocinadores interessados em ajudar o atleta desde o início da carreira. “Os empresários não têm paciência para um cara que está começando, querem patrocinar só quando ele ganha título. Esses meninos não têm nada”, diz Nilton. “Depois que ganham um campeonato, aí as empresas brigam pra colocar o nome, para patrocinar”, completa Malhado.
Nilton explica que o Brasileiro é muito visado pelos atletas por ser uma porta de entrada para a Seleção Olímpica. “Estando na Seleção, que é patrocinada pela Petrobras, eles ganham apoio, salário, conseguem se manter”, esclarece. Ele ainda destaca que lutar representando o Brasil é uma maneira de os lutadores conseguirem auxiliar no sustento da família: “Se você perguntar para todos esses meninos, todos eles querem ajudar o pai e a mãe. Lá é a chance deles”.