Professor e pesquisador faz primeiro registro fotográfico da sanã-amarela em Goiás
08 setembro 2024 às 19h08
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O professor universitário e pesquisador da área da ornitologia, Jayrson Araújo, foi o responsável pelo primeiro registro fotográfico da ave sanã-amarela (Laterallus flaviventer) para o Estado de Goiás, no Parque Lagoa Vargem Bonita, em Goiânia. Na região Centro-Oeste o animal só havia sido fotografado uma vez em Brasília, no Distrito Federal.
Ele encontrou a ave na região há cerca de uma semana. “O habitat em torno do lago foi queimado sobrando apenas a parte mais alagada e com brejo onde ela atualmente sobrevive. O ambiente do local é propício para ela e por essa razão eu estava pesquisando no local para ver se a encontrava. O fogo limitou os espaços da procura e de certa forma facilitou a entrada no local”, explica Jayrson Araújo ao Jornal Opção.
Neste domingo, 8, retornou ao local para fazer novas imagens que servirão a um documentário sobre observação de aves. Jayrson conta que trabalha junto com o filho, Vítor Karrijo, na produção do curta metragem e recebeu apoio da lei Paulo Gustavo. Segundo o professor informou, ainda não há uma data prevista para o lançamento, mas deve ser concluído no primeiro semestre de 2025.
“Acredito que este seja o primeiro registro da sanã-amarela (Laterallus flaviventer) para o estado de Goiás de maneira geral. Embora eu não tenha conhecimento completo sobre a avifauna do estado, não me recordo de comentários sobre registros anteriores dessa espécie em Goiás, seja por coletas do ornitólogo Hidasi, ou por detecções de outros pesquisadores, ornitólogos ou observadores de aves”, destacou oconservacionista goiano Nunes D’ Acosta.
Como foi a descoberta
Há seis anos, uma queimada no Parque motivou a comunidade local a se envolver na preservação da área. Após um ou dois anos, chuvas intensas encheram o lago da região, criando um ambiente aquático favorável para novas espécies. Com o alagamento, passei a observar o local, considerando a possibilidade de ele ser adotado por uma ave de pequeno porte, conhecida por movimentações territoriais em busca de alimento.
No entanto, a ave era difícil de localizar devido ao tamanho reduzido (12,5 a 14 cm) e ao canto baixo e pouco frequente. Este ano, com o lago secando e formando um pântano próximo à área mais profunda, percebi que poderia ser a melhor oportunidade para procurar a espécie. Um dia antes da minha expedição, um incêndio atingiu o parque, reduzindo a área de busca, o que, de certa forma, facilitou a observação.
No dia 30/08/2024, fui ao local à tarde e, ao me movimentar pelo capim, avistei a ave e consegui registrá-la em foto. No dia seguinte, voltei para tirar melhores fotos e gravar o canto. Compartilhei a descoberta com outros observadores, e desde então temos ido regularmente ao local para fotografar o casal.
De acordo com a plataforma Salve do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a espécie está na categoria Menos Preocupante (LC) em relação à possibilidade de extinção.
Espécie
Laterallus flaviventer ocorre desde o sul do México à América Central, Caribe e parte da América do Sul, incluindo Brasil. Nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste (Mato Grosso e Distrito Federal), Nordeste (exceto Paraíba) e Norte (exceto Acre, Roraima e Pará). Possui registros escassos e esparsos em todas as regiões do Brasil. Porém, nos últimos anos, registros fotográficos e sonoros ampliaram o conhecimento sobre sua distribuição. Ocupa principalmente pântanos de água doce, margens vegetadas de lagos e lagoas, campos alagados e a eliminação dessas áreas úmidas são ameaças à espécie. Porém, baseado nos dados disponíveis nos últimos 10 anos, a perda de habitat não atinge os limiares de risco de extinção em um futuro próximo. Dessa forma, L. flaviventer foi categorizada como Menos Preocupante (LC).