Senador por Goiás teve requerimento que convocava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitado. Tucano classifica sua presença na comissão de mera “provocação”

Uma semana depois de iniciados os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada no Senado sobre denúncias de irregularidades na Petrobras pouco se avançou no sentido de trazer novas informações ao ponto chave das apurações: a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (cujo prejuízo estimado seja na ordem dos US$ 1,25 bilhão). Dentre os 74 requerimentos aprovados estão os que vão levar à Casa a presidente da empresa, Graça Foster –– que já foi ouvida em outras ocasiões e deverá manter a linha de argumentação de que, em algum momento, a compra foi favorável ––, o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional da empresa Nestor Cerveró, todos já ouvidos pelo Congresso Nacional em algum momento desde que o escândalo passou a figurar as manchetes de jornais.

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Membro da CPI, mas que fala abertamente da intenção de esvaziamento da mesma pela oposição com vistas a garantir uma comissão mista sobre a questão, o senador por Goiás Cyro Miranda (PSDB) enumera as recusas a seus requerimentos como prova de manobra. O tucano foi o autor do pedido de convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do país à época em que a presidente Dilma Rousseff era ministra chefe da Casa Civil e presidia o Conselho Administrativo da estatal que aprovou a aquisição de Pasadena tendo por base resumo falho do contrato.

“A recusa ao meu requerimento e a outros, como o de convocação do [Alberto] Yousseff, é a prova de que essa CPI é chapa branca, uma farsa”, assevera Cyro Miranda. Em entrevista ao Jornal Opção Online na manhã desta segunda-feira (19/5) o senador afirmou que a participação na primeira reunião da comissão serviu somente para a constatação da parcialidade dos trabalhos, que são conduzidos em sua maioria por parlamentares da base governista.

Para o senador, as perguntas à Graça Foster, a José Sérgio Gabrielli e a Nestor Cerveró “serão conduzidas”. Dizendo que a oposição sequer participará das sessões em que eles serão ouvidos, marcadas para estas terça e quarta-feiras, Cyro Miranda diz: “Será o que chamo de ação ‘entre amigos’”.

“Essa semana vamos conseguir instaurar a CPMI, onde a oposição terá sete acentos, vamos poder atuar”, acredita o tucano. É previsto para esta segunda-feira (19/5) que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), indique os nomes que faltam para a comissão mista, a ser composta por 16 deputados e 16 senadores como titulares.

Até a última sexta-feira (16), em relação à Câmara dos Deputados, somente o PT, que terá duas vagas, e o PROS, que terá uma, não tinham feito suas designações. No Senado faltavam as cinco indicações da base governista –– PT-PDT-PSB-PCdoB-Psol-PRB –– e as cinco do chamado Bloco Parlamentar da Maioria, formado por PMDB-PP-PSD.