O objetivo do governo é transferir um montante de R$ 6 bilhões do Sistema S. ao programa de qualificação profissional que está sendo formulado pelo Ministério da Economia

Dirigentes das grandes confederações empresariais se articulam para barrar o corte de 30% nos recursos das entidades do Sistema S para financiar programa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de inclusão de trabalhadores informais no mercado de trabalho no pós-pandemia da Covid-19.

Com objetivo de transferir um montante de R$ 6 bilhões do Sistema S. ao programa de qualificação profissional que está sendo formulado pelo governo, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse que “está na hora de o Sistema S ajudar. Temos um sistema que tem bilhões de reais em caixa, tem bilhões de reais em imóveis. É inaceitável esse sistema não aceitar contribuir”.

O Sistema S, complementou Sachsida, arrecada por volta de R$ 20 bilhões por ano. “Estou pedindo R$ 6 bilhões deles […] Minha posição é muito firme: nós temos que passar a faca no Sistema S, tem que tirar dinheiro deles para passar para o jovem carente”, frisou o secretário. O Sistema S é um conjunto de entidades administradas por federais patronais voltadas, principalmente, para o treinamento profissional.

O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi criticou a fala do secretário e disse que o impacto da transferência do Sistema S. será terrível. “Infelizmente, o termo facada é pejorativo. Ninguém usa uma facada para uma pessoa do bem. Fica parecendo que o sistema S. precisa ser extirpado. Mas proporcionalmente o que eles derem de facada o serviço será diminuído ou deixara de existir. E a população carente é que vai ter o maior prejuízo”.

De acordo com Marcelo Baiocchi, Sesc/Senac possui mais de 500 unidades no Brasil, 24 apenas em Goiás, atendendo 80% da população goiana e cerca de 1400 jovens com os programas de gratuidade. “Quem declara a vontade de tirar os recursos do Sistema S. é quem não conhece os serviços prestados, que na sua grande maioria presta serviços essenciais, em especial, em locais onde o governo não atua”.

“Não adianta pensar que tirar recursos do sistema ele conseguirá manter o mesmo nível de oferta de serviços. Essas reservas se fazem necessárias para cumprir com todos os nossos compromissos e passivos, em especial, os de ordem trabalhista que se acumula ao longo dos anos”, frisou o presidente da Fecomércio.

O presidente da Federação das Indústrias dos Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, também contestou em suas redes sociais as palavras de Paulo Guedes. “É um absurdo esta afirmação do secretário Guedes! Isso parte de quem não conhece o que é feito pelo Sistema S. no Brasil. Se ele acompanhasse as notícias, certamente não diria isso! Fica aqui o meu veemente protesto e repúdio às palavras desse senhor” , escreveu.

A proposta foi incluída na medida provisória que renovou o programa emergencial que prevê corte de jornada, salários e suspensão dos contratos de trabalho. A proposta acabou não sendo votada na semana passada depois de uma articulação política das confederações. O projeto é a “menina dos olhos” do ministro Guedes, que nas últimas semanas vinha buscando apoio do setor empresarial e dos dirigentes patronais para conseguir o financiamento fora do Orçamento do governo federal.