Presidente sul-coreano decreta Lei marcial e parlamento reage; veja vídeo
03 dezembro 2024 às 15h02
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O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, anunciou a imposição de lei marcial na noite de terça-feira, 3, (horário local) argumentando que a medida seria necessária para proteger a democracia sul-coreana “de forças comunistas” que, segundo ele, ameaçam a ordem constitucional do país.
O decreto suspende atividades políticas, restringe liberdades civis e impõe controle sobre a mídia. Tropas militares foram mobilizadas em várias áreas de Seul, incluindo o Parlamento, que foi cercado e parcialmente tomado pelos militares.
Yoon afirmou em pronunciamento que a decisão tem como objetivo combater “forças antiestatais pró-Coreia do Norte” e proteger a segurança do país. O decreto proibiu reuniões políticas, manifestações, greves e qualquer atividade que, de acordo com o governo, “comprometa a ordem pública.” Além disso, médicos em greve foram convocados a retornar ao trabalho sob pena de punições previstas na legislação marcial.
Apesar da intervenção militar, 190 dos 300 deputados conseguiram se reunir na Assembleia Nacional, na madrugada de quarta-feira, 4, para votar uma moção declarando a lei marcial ilegal. A sessão foi marcada por tensões, com confrontos entre parlamentares e militares. A moção foi aprovada por unanimidade dos presentes, mas ainda não há clareza sobre os efeitos legais imediatos da decisão, já que a lei sul-coreana exige que o presidente respeite a votação do Parlamento.
A medida gerou críticas de aliados e opositores. O líder do Partido do Poder do Povo, Han Dong-hoon, que integra a base governista, declarou que a lei marcial é uma “decisão errada.” O líder da oposição, Lee Jae-myung, descreveu a ação como uma tentativa de golpe e convocou a população a resistir de forma pacífica. “A Coreia será governada por tanques e soldados armados. Nossa economia corre risco de colapso,” afirmou Lee em entrevista à agência Yonhap.
A declaração de lei marcial teve reflexos imediatos no mercado financeiro. O won sul-coreano desvalorizou-se frente ao dólar, e a Bolsa de Seul pode não abrir nos próximos dias. No cenário internacional, os Estados Unidos informaram que estão monitorando os acontecimentos. Washington, aliado estratégico da Coreia do Sul, reforçou sua preocupação com a estabilidade da região, especialmente em um momento de tensões crescentes com a Coreia do Norte e seu recente alinhamento com a Rússia.
A crise ocorre em um momento de disputa acirrada entre o Executivo e o Legislativo. Yoon enfrenta um Congresso dominado pela oposição do Partido Democrático, que tem maioria de 170 assentos contra os 108 do governo. A tensão política se agravou após desentendimentos sobre o orçamento do próximo ano e investigações envolvendo aliados e familiares do presidente.
A última vez que a Coreia do Sul enfrentou um episódio de lei marcial foi durante o golpe militar de 1980. Desde então, o país consolidou sua democracia, mas a decisão de Yoon levanta questionamentos sobre a estabilidade das instituições democráticas e os limites do poder presidencial.
Ainda não há posicionamento oficial do Judiciário sobre a crise. O Tribunal Constitucional pode ser acionado para decidir sobre a legalidade do decreto. Enquanto isso, a população e a comunidade internacional aguardam os desdobramentos da situação, que poderá definir os rumos políticos e econômicos da Coreia do Sul nos próximos meses.
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