Presidente quer que votações sejam registradas com digital eletrônica na Câmara de Goiânia
15 maio 2014 às 13h44
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Anúncio de medida vem um dia depois da presença de um vereador tucano ter sido confirmada no painel eletrônico sem que estivesse em plenário
O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Clécio Alves (PMDB), propôs que as votações de projetos e o registro de ponto eletrônico por parte dos vereadores na Casa seja feita por meio de sistema biométrico. A intenção de rever a instalação de novos equipamentos foi anunciada na sessão desta quinta-feira (15/5), um dia após a polêmica envolvendo o vereador Thiago Albernaz (PSDB), que teve a presença registrada em plenário enquanto estava em reunião no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). A ausência, garantiu o tucano, havia sido justificada em ofício à Mesa Diretora há 15 dias.
Logo após Clécio falar a respeito da medida, ele foi retrucado por Djalma Araújo (SDD). “Não vai dar certo”, disse, ao passo que o peemedebista insistiu que a proposta vai funcionar. Na sessão de hoje, Thiago Albernaz negou os rumores de que algum outro vereador tivesse registrado sua presença. “Ninguém sabe a minha senha. Aproveitei para alterá-la”, informou, acrescentando que espera que os equipamentos digitais do plenário sejam auferidos constantemente.
A Câmara ficou sem acesso à internet e a transmissão das sessões no Canal Legislativo na semana foi prejudicada. Ao final dos trabalhos, enquanto Djalma Araújo estava escorado na mesa de Paulo Magalhães (ambos do SDD), a gaveta da mesa desgrudou e caiu no chão, espalhando documentos e outros papeis.
Desculpa
Integrante do bloco moderado, Zander Fábio (PSL) desacredita que o fato só ocorreu porque o sistema digital da Câmara é arcaico. Porém, relatou que já ocorreram casos em que registrou sua senha em sua mesa mas, posteriormente, ela ficou aberta na mesa de outro vereador. Cada um tem uma senha para a conferência de quórum e votação de projetos.
Zander Fábio concorda com o uso da digital eletrônica, mas alertou que é preciso listar os custos decorrentes da troca de equipamentos. O vereador acredita que a falha seja uma “desculpa” para que o painel seja trocado.
Quórum
Defensor de que o ponto eletrônico na Câmara seja registrado três vezes pelos colegas vereadores, Paulo Magalhães (SDD) afirmou que voltará a apresentar projeto que prevê a conferência em três horários: às 9 horas, na abertura dos trabalhos legislativos; às 10h30, e no final da sessão, às 12h. O projeto foi rejeitado há quase um ano por 17 votos contra 14. Conforme o texto, a ausência sem justificativa imporia desconto nos subsídios dos faltosos. Segundo o político, sua proposta –– considerada polêmica por muitos –– tem 22 assinaturas atualmente.
Na visão de Paulo Magalhães, na Assembleia Legislativa a situação é crítica em relação a presença dos deputados, que já estão se dedicando a seus projetos eleitorais com visitas aos municípios do interior. Nos últimos dias, o presidente do Poder Legislativo estadual, o deputado Helder Valin (PSDB), negociou com cada parlamentar para que comparecessem na Casa para a apreciação de matérias.
Nesta semana, em entrevista ao Jornal Opção Online o tucano afirmou que solicitou o empenho aos colegas e não descartou a possível instituição de ponto eletrônico aos políticos, tendo frisado ser esta uma medida extrema.
Por isso, argumentou Paulo Magalhães, quer a aprovação de sua propositura. “Na Assembleia é desse jeito [falta de quórum], mas aqui, enquanto eu estiver presente, isso não vai acontecer. Quero que a sociedade vire os olhos para o plenário [da Câmara] e veja minha solidão aqui”, disse ele, complementando que vários de seus pares poderão não comparecer nas sessões porque vão concorrer as eleições deste ano.