Sindicoletivo entende que Lei Parada Segura causará estresse nos motoristas
17 setembro 2025 às 18h00

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Ao Jornal Opção o presidente do Sindicoletivo de Goiânia, Carlos Alberto, abordou com profundidade os desafios e possíveis mudanças no sistema de transporte coletivo da capital. A fala do dirigente trouxe reflexões sobre regras de embarque e desembarque, segurança pública, estresse dos motoristas e o impacto das motocicletas nas faixas exclusivas de ônibus.
A Lei Parada Segura, recentemente publicada em Goiânia, autoriza que os ônibus do transporte coletivo urbano realizem embarque e desembarque de passageiros entre 22h e 6h em qualquer local dentro do itinerário, desde que seja permitido estacionar e haja segurança, respeitando as normas de trânsito. As empresas de transporte devem informar os passageiros sobre a nova regra por meio de avisos internos nos veículos e orientar os motoristas quanto à aplicação da medida no período noturno.
Preocupações
Carlos Alberto iniciou sua fala destacando a necessidade de regulamentações adicionais para evitar o chamado “pinga-pinga” de passageiros, especialmente durante o período noturno. “Você já imaginou de noite e começa a descer, desce um passageiro aqui, o outro pede pra descer 20 metros depois, 50 metros depois, 100 metros depois… o pinga-pinga que vai virar. Então é preciso ver quando começar”, disse.
O presidente reforçou que qualquer alteração no sistema deve contemplar tanto os usuários quanto os trabalhadores, e não apenas os empresários. “Sou a favor de qualquer tipo de mudança, desde que venha para benefício tanto do usuário como do trabalhador. Eu não posso pensar em qualquer tipo de mudança que o beneficiário seja apenas o empresário”, apontou.
Comportamento dos passageiros
Carlos Alberto também fez críticas ao comportamento de alguns passageiros, pedindo mais consciência coletiva. “O motorista não pode ser obrigado a ficar parando de 10 em 10 metros, 50 em 50 metros para ter só um passageiro. Porque o passageiro é folgado. Eu não quero falar mal do passageiro, porque para mim é ele que mantém o transporte, mas é preciso haver bom senso”, disse.
O dirigente apontou que os ônibus alimentadores começam a circular antes das 5h da manhã e já enfrentam lotação nos primeiros pontos de parada. “Nos 23 primeiros pontos de parada o ônibus já está lotado. Então, de certa forma, a medida até pode inviabilizar um pouco o transporte de qualidade”, afirmou.
Carlos Alberto defendeu que a eficácia das novas regras só poderá ser avaliada após sua implementação. “A gente só vai ter realmente uma ideia se deu certo ou se não deu certo depois de colocar em prática”, apontou.
Motociclistas nas faixas
Sobre a proposta de permitir motociclistas nas faixas exclusivas de ônibus, o presidente reconheceu o impacto, mas também a possibilidade de melhoria no trânsito: “Trouxe um impacto para alguns motoristas? Trouxe. […] Se ele estivesse andando lá na linha de ônibus, talvez estivesse até ajudando a fluir o trânsito mais, porque hoje tem mais motoqueiro do que carro”, disse.
Estresse dos motoristas
Carlos Alberto alertou para o aumento do estresse dos motoristas diante de solicitações excessivas de embarque e desembarque fora dos pontos: “Quando o motorista começa a ficar atendendo demais as solicitações, ele estressa mais. […] Imagina se o passageiro puder subir em qualquer local ou descer em qualquer local… o estresse é maior ainda”, apontou.
Segurança pública
A segurança pública no período noturno também foi abordada. O presidente destacou os riscos de embarques fora dos pontos tradicionais: “O que a gente não pode é deixar o motorista ser prejudicado, ser sacrificado num trabalho mais estressante porque o passageiro vai alegar falta de segurança para descer no ponto e querer descer aqui porque fica mais perto da casa dele”, disse.
Ele também comentou sobre o papel da Polícia Militar nos pontos de ônibus: “Hoje a gente percebe que a PM está sempre passando nos pontos de ônibus e dando uma olhadinha. A partir do momento que essas medidas esvaziarem os pontos de ônibus, de alguma forma o trabalho da segurança pública será muito dificultado”, apontou.
Posicionamento do sindicato
Carlos Alberto afirmou que o posicionamento oficial do sindicato ainda será discutido com os demais diretores: “Eu estou conversando com você como o Carlos Alberto e você jornalista, mas eu teria que discutir isso aí. […] Vamos ver se a gente consegue reunir nesse sábado para discutir esse assunto e aí sim vamos alinhar um posicionamento”, disse.
Ele reiterou o compromisso do sindicato com a melhoria do transporte coletivo: “Nós somos a favor de toda e qualquer medida que venha melhorar o sistema de transporte coletivo. […] É melhor para o usuário e é melhor para o trabalhador”, afirmou.
Pioneirismo
Por fim, o presidente destacou o papel histórico de Goiânia na inovação do transporte coletivo: “Goiânia há muito que é pioneira no transporte coletivo e inovações. Nós fomos a primeira cidade a fazer o transporte integrado no Brasil na década”, finalizou o presidente.
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