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O presidente da Organização das Cooperativas do Brasil em Goiás (OCB-GO), Luís Alberto Pereira, afirmou em entrevista ao Jornal Opção que está preocupado com o anúncio de um novo centro de reciclagem no aterro sanitário de Goiânia. Na noite desta última segunda-feira, 30, o prefeito da Capital, Sandro Mabel (UB), afirmou que pretende transformar a região em um local para processar os resíduos com o uso de tecnologia avançada que permite uma reciclagem de até 65% dos materiais. 

De acordo com Pereira, é necessário que Goiânia retome o devido andamento da coleta seletiva antes de uma central de reciclagem. Para Pereira, resíduos sólidos contaminados com material orgânico não possuem utilidade e na maioria das vezes são incinerados junto com o lixo orgânico. Por causa disso, afirma que do jeito que está pode ocorrer a incineração de materiais reutilizáveis “torrar dinheiro fora” sem a devida coleta seletiva. 

Por outro lado, Luís Alberto conta que as 15 cooperativas de recicláveis locais já fazem a separação e a triagem dos materiais e espera que a prefeitura explique melhor o funcionamento deste novo sistema.  

O anúncio da central de reciclagem integra um plano de ação de Mabel para reformar o funcionamento da coleta de lixo da Capital. Em abril, o prefeito viajou para Milão, na Itália, a fim de aprender como as empresas europeias fazem o tratamento e o processamento dos materiais recicláveis. Logo depois do retorno, o aterro sanitário de Goiânia foi interditado por ação do Ministério Público de Goiás com a Justiça devido aos riscos estruturais e biológicos do local.  

O anúncio ocorreu junto a assinatura do pacto do Movimento Reciclar, que conta com nove entidades para o aprimoramento da reciclagem em Goiânia. O objetivo do documento é reciclar pelo menos a metade de todos os resíduos sólidos produzidos em Goiânia até 2033, enquanto isso, objetivam um índice de 10% já para 2026. 

Atualmente, o município recicla menos que 2% de todo o lixo produzido, apenas 1,8%, de acordo com levantamento da Universidade Federal de Goiás (UFG). Enquanto isso, a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe) estima que 29% do lixo produzido na Capital poderia ser reaproveitado. “Trata-se de um problema complexo, que precisa de várias mãos para ser resolvido. São toneladas de lixo que são jogadas nos rios, nas praças e ruas da cidade”, afirmou o presidente da OCB-GO no evento deste dia 30.

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