Presidente da Casa, André Fortaleza, discutiu com Camila Rosa, que se retirou da Câmara Municipal após ter uma queda de pressão 

O presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB), vai responder por assédio moral depois de ter cortado o microfone da primeira secretária da Casa, Camila Rosa (PSD), em meio a discussão sobre cota de mulheres. O cerceamento da fala da vereadora ocorreu durante a segunda sessão legislativa desta quarta-feira, 2, em meio a uma discussão motivada por um publicação de Camila nas redes sociais. O microfone foi desligado durante a réplica da pessedista. Ela vai prestar depoimento no 1º Distrito de Polícia, no Centro de Aparecida..  

Ambos se exaltaram e, após ter retomada do momento de fala, a parlamentar se retirou do plenário. Ela teve uma queda de pressão e foi encaminhada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Flamboyant, em Aparecida de Goiânia, conforme confirmou a assessoria de Camila. Na unidade, ela foi medicada e tratada para então seguir para o Distrito Policial, onde fará o depoimento contra André Fortaleza.  

No discurso, a vereadora cita que todas as mulheres precisam procurar os direitos, não apenas para correr atrás da paridade entre gênero na política, mas também para evitar que estas situações, que são recorrentes, não aconteçam mais. “A política, desde a sua existência vem de um espaço machista, sim, no início, só poderiam exercer este direito homens brancos, e homens com grandes poderes aquisitivos, e com o passar do tempo, a política passou a ter esta pluralidade de ideias, que é necessário de ter neste espaço de poder, seja com mulheres, seja com índios, com pessoas da comunidade LGBTQIA+, ou pessoas que representam todas estas classes”, defendeu a vereadora é a única mulher no parlamento de Aparecida de Goiânia.  

O vereador Willian Panda (PSB) também saiu em defesa da parlamentar. Disse concordar com a necessidade de cotas, inclusive com uma determinada quantidade de cadeiras paras as mulheres. “Mas a gente tem que concordar e respeitar, aqui é o lugar do debate, precisa haver debate, mas é necessário a gente evitar as maldades das redes sociais. Não dá para trazer comentários, expressões que são publicadas, não têm a ver com as próprias opiniões da vereadora”, comentou o político.  

O socialista foi retrucado pelo presidente. Segundo Fortaleza, “se quer defender a cota, dá sua cadeira então para uma mulher”, disse o presidente momentos antes de terminar a sessão da Casa.  

Motivação  

O motivo da discussão foi a cota de gênero (que limita a quantidade mínima de parlamentares do gênero “minoritário” da chapa, seja do gênero feminino ou masculino). No discurso na Câmara Municipal, durante o retorno das atividades, o presidente teria se posicionado contra a legislação vigente. A vereadora, por sua vez, fez uma publicação, sem fazer citações, onde afirma que não tolera preconceitos, vai atuar em defesa da política das mulheres e dos direitos das minorias.  A carapuça teria sido vestida pelo presidente da Casa.

Ele comentou a publicação e disse que não tolera oportunismo. “Sou contra cotas, mas isso não significa que eu sou contra a classe feminina. Temos que avaliar o caráter da pessoa, independente da sua sexualidade”, comentou o político, que também trouxe o tema para a pauta da Casa.

Em nota, o presidente da Casa disse que não quis atingir pessoalmente a vereadora Camila Rosa, e sim reforçar que defendeu a classe das mulheres, “apoiando todos os projetos voltados ao tema”, que a Casa possui representatividade e que também criou um instituto composto por mulheres. O que aconteceu, segundo ele, foi uma fala distorcida, “baseada no sensacionalismo”.  

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Confira a nota na íntegra: 

“Sempre fui a favor da luta delas e que demonstrei com atitudes e não apenas com discurso. Antes do meu mandato, a Câmara não tinha nenhuma mulher em cargos de chefia e hoje possui quatro”, .  Pela primeira vez na história da Câmara, por escolha minha na presidência, a Mesa Diretora tem em sua composição duas mulheres (vereadoras Valéria Pettersen e Camila Rosa). Criei um instituto que é todo composto por mulheres. Eu apenas afirmei que sou contra cotas, que os direitos e deveres tem que ser iguais, e não que seja contra alguma classe específica, porém tive minha fala distorcida, baseada num sensacionalismo, pois para mim, a mulher deve ser tratada com respeito e igualdade, e não por privilégio de gênero”