Preparador de elenco de Verdades Secretas vai responder por importunação sexual
07 fevereiro 2022 às 18h30

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Delegado Felipe Santoro ouviu 18 mulheres que dizem ter sofrido diversas investidas de Sérgio Luiz Penna
O preparador de elenco Sérgio Luiz Penna, que tem no currículo trabalhos como o realizado na série Verdades Secretas, vai responder pelo crime de importunação sexual contra quatro alunas de cursos de expressão artística. A juíza Simone de Faria Ferraz, da 26ª Vara Criminal, acolheu denúncia do Ministério Público do Rio contra o profissional que teria praticado os delitos entre os anos de 2016 e 2019.
Nos últimos quatro meses, o delegado Felipe Santoro, titular da 13ª DP, ouviu 18 mulheres que dizem ter sofrido diversas investidas de Sergio, tanto nos locais de realização dos workshops quanto em bares onde aconteciam as confraternizações pós-atividades. Ao todo, os inquéritos identificaram pelo menos 30 vítimas. A maior parte dos casos, entretanto, ocorreu antes de 2018, quando os crimes contra a liberdade sexual eram condicionados a representação por um prazo, que já acabou, tendo sido extinta a possibilidade de o Estado puni-lo.
Na denúncia do MP consta que Sérgio, durante os cursos de expressão artística, aproveitava da fama e do prestígio para abusar das vítimas, utilizando o toque corporal, como longos abraços e alisamentos, beijos na boca ou bochechas, justificando ações de suposta metodologia de ensino, de maneira a obter a confiança das alunas. Nos workshops, ele elogiava as qualidades das alunas, enaltecendo talentos, e, quando escolhia alguma para efetivamente abusar sexualmente, de algum modo, dava entender que não tinha lhe dado atenção suficiente, e, no espaço das aulas ou em festas posteriores, aproximava-se das vítimas.
No momento das investidas, o Ministério Público aponta que o preparador de elenco muitas vezes era chamado de “mestre”, se valendo da confiança obtida nas aulas e na confusão mental criada – as mulheres ficavam na dúvida se aquela forma excessiva era o jeito de ser dele ou se era um abuso. Sendo assim, em diversas ocasiões, os atos libidinosos eram tidos como ações praticadas “sem querer” ou sem cunho sexual, tendo Sergio conseguido “satisfazer a própria lascívia através do meio fraudulento empregado”.