A Prefeitura de Goiânia, por meio da Defesa Civil, coordena um plano de contingência com o objetivo de garantir uma resposta rápida em caso de danos causados por tempestades na cidade. A primeira reunião ocorreu na terça-feira, 5, e estiveram presentes representantes das secretarias municipais da prefeitura, instituições privadas, Equatorial, Saneago, Governo de Goiás e o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (CIMEHGO).

É importante ressaltar que o instituto responsável pela previsão do tempo já antecipa a possibilidade de tempestades na capital durante os meses de janeiro e fevereiro de 2024, o que torna ainda mais crucial a preparação desse plano de contingência.

“Nós estamos preparando esse plano para diminuir os efeitos adversos do período chuvoso, como alagamentos, deslizamentos e outras situações que podem ocorrer nesse cenário. Vamos realizar exercícios de simulação para reduzir o tempo de ação em casos de tragédia. A ideia é que cada órgão esteja preparado para executar suas atribuições com o menor tempo de resposta possível”, explica o coordenador operacional da Defesa Civil, Anderson Marcos.

De acordo com ele, já foram feitas intervenções em pontos mais críticos, onde já registraram no passado transtornos e até mesmo tragédias. Anderson explica que foram feitos desde limpezas até uma reforma no sistema de drenagem, como na Avenida C-107, no Jardim América, onde um motociclista morreu ao ser arrastado pela intensa enxurrada no local, em janeiro deste ano.

No plano também estão previstas simulações com todo o setor operacional, a fim de se prepararem para eventuais imprevistos causados pelas chuvas.

“A ideia é simular o mais próximo da realidade um salvamento de um carro preso em um ponto de alagamento, por exemplo. Nesse caso, equipes de salvamento são acionadas para resgatar vítimas, a SMM realiza o controle do tráfego e a Defesa Civil faz o apoio, como em residências que forem atingidas e pessoas ficarem desalojadas”, explicou.

Também estão planejadas ações preventivas, como a realização de palestras em escolas e campanhas de sensibilização, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a relevância de evitar o descarte de resíduos nas vias públicas, o que pode prejudicar o sistema de escoamento de águas, dentre outras iniciativas.

Segundo Anderson Marcos, é esperado que na próxima reunião, agendada para a próxima quarta-feira, 12, a presença de outros órgãos seja confirmada. Nesse encontro, os presentes vão examinar os procedimentos utilizados em diferentes situações de emergência e dar início ao processo de preparação para a realização de simulações de cenários de tragédias.

“A Defesa Civil já mapeou os locais de risco e dimensionou a quantidade de pessoas em situação vulnerável. A partir de agora será elaborado um documento único, incluindo todos os órgãos envolvidos, com os procedimentos necessários em cada situação de emergência”, reforça.

Especialista

O Jornal Opção ouviu a arquiteta e urbanista, Thaissa Finotti, para saber o que é ideal estar no documento do plano de contingenciamento. Segundo ela, por se tratar de algo emergencial, o principal tópico a ser observado é a contenção e condução da água da chuva.

Para isso, a especialista lembra que é importante manter bocas de lobo e bueiros limpos para um melhor escoamento do líquido. Além disso, Thaissa argumenta que a condução dessa água com calhas também pode auxiliar a evitar o alagamento.

Já com relação a mudanças estruturais, ou seja, aquelas que demandam tempo e envolvem obras para melhorias a longo prazo, a arquiteta defende que é necessário aumentar os pontos de infiltração, com áreas verdes, ou bacias de retenção, pontos de descarga com tratamento dos efluentes, etc.

A especialista cita, por exemplo, a aplicação de swales, que são calhas naturais que podem ficar em canteiros, desvios de faixa, centros de parque, e são feitas com algum tipo de vegetação.

Outra dica importante de Thaissa é revisar com frequência a drenagem superficial das vias e também as galerias pluviais para que não haja acúmulo e ocorra alagamento.

“A causa [do alagamento] é a impermeabilização do solo. Além disso, Goiânia foi construída sem a preservação de muitos cursos d’água e nascentes. Muitos pontos em que o lençol freático é mais superficial estão hoje “soterrados” por obras civis. As áreas onde antes haviam nascentes, córregos, grotas, e que antes faziam parte da drenagem natural do solo, hoje são afetadas pelos efeitos das chuvas em maior intensidade”, explica.

“Há uma junção de solo impermeabilizado com más soluções de microdrenagem e macrodrenagem urbanas. Ausência de dispositivos de armazenamento e de infiltração. Uma forma não sustentável de pensar a cidade”, finaliza.

Leia também: