Prefeitura de Goiânia retira moradores de rua da Rua 10 e faz o acolhimento de mais de 30 pessoas em extrema vulnerabilidade
22 julho 2025 às 17h06

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Durante as última semanas, a Prefeitura de Goiânia realizou uma operação de remoção de moradores em situação de rua na região da Rua 10, no Setor Leste Universitário. A intervenção foi motivada pela necessidade de execução de uma obra da Saneago para manutenção de uma adutora que atende a área, além de denúncias de uso do local por traficantes e degradação social.
A ação foi articulada pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos, a Defensoria Pública, a Guarda Civil Metropolitana e a Saneago. Segundo a secretária Erizania Freitas, havia cerca de 30 pessoas vivendo na região, incluindo mulheres, crianças, pessoas doentes e também indivíduos utilizados por traficantes para operacionalizar o comércio de drogas no local.
“É importante entender que temos perfis diversos nas ruas. Há pessoas que usam os serviços da assistência, que aceitam os encaminhamentos, que querem trabalhar, voltar para sua cidade, estudar. Mas também há aquelas que são vítimas do tráfico ou estão envolvidas com o crime. Algumas dessas pessoas estavam sendo usadas como operadores do tráfico. Encontramos crianças de dois anos, pessoas com doenças graves, gente em situação extremamente vulnerável”, afirmou Erizania.
Segundo ela, a abordagem foi feita ao longo de 20 dias por equipes técnicas da prefeitura, que ofereceram acolhimento institucional, reinserção em programas sociais ou auxílio para retorno aos municípios de origem. “Alguns aceitaram os encaminhamentos. Outros não. E, geralmente, quem não aceita são justamente aqueles com alguma vinculação com o crime, o que exige atuação da segurança pública e não apenas da assistência social”, explicou.

A Prefeitura informou que não houve uso de força para a remoção das pessoas, e que todas as abordagens foram baseadas no diálogo e na garantia de direitos. “Ajudamos inclusive a cuidar dos pertences dessas pessoas. Levamos caixas para que pudessem guardar seus objetos pessoais. Muitos tinham colchões, cobertores, geladeira, micro-ondas, fogão, e puxavam energia elétrica clandestinamente para fazer isso tudo funcionar. Era uma situação de moradia improvisada em condições sanitárias degradantes”, relatou Erizania.
O prefeito Sandro Mabel (UB) reforçou o caráter humanitário da operação. “Estamos lidando com cada caso de forma individual, com responsabilidade e respeito, porque só assim vamos conseguir superar essa realidade. Goiânia é uma cidade familiar, e toda família merece paz e dignidade. É isso que vamos garantir para todos os goianienses”, afirmou.
Ele também enfatizou a importância de manter a ordem urbana e evitar que o local volte a ser dominado por atividades criminosas. “Fizemos os encaminhamentos necessários e vamos manter fiscalização rigorosa para evitar que o tráfico retorne à região”, declarou.
A secretária explicou ainda que a presença constante de traficantes na Rua 10 impedia inclusive que as equipes da assistência social atuassem plenamente. “Em muitos momentos, nossas equipes não conseguiam nem acessar a área. As pessoas em situação de rua estavam sendo ameaçadas por traficantes, obrigadas a permanecer ali para manter o funcionamento do tráfico. Era um ambiente de coação”, disse.
Para monitorar a população em situação de rua em Goiânia, a prefeitura utiliza o Sistema Único de Proteção Social (SUPS), desenvolvido por equipes da administração municipal. O sistema funciona como um censo contínuo e permite mapear a presença de pessoas em situação de rua em diversas regiões da cidade. “Toda abordagem é registrada. Onde há maior concentração, há prioridade de atuação. Só não conseguíamos atuar com efetividade na Rua 10 exatamente por causa do domínio do tráfico no local”, revelou a secretária.
Erizania ressaltou que não cabe à assistência social impor barreiras físicas ou ações coercitivas para evitar o retorno das ocupações irregulares. “Nosso papel é garantir direitos e oferecer caminhos. Quando alguém insiste em permanecer, mesmo após todas as tentativas de acolhimento, acionamos o sistema de garantia de direitos. A assistência social não pode usar força”, pontuou.
Ela reforçou que o objetivo da gestão é proteger as pessoas vulneráveis e combater o uso criminoso do espaço urbano. “Há um perfil que é diretamente da assistência social, pessoas que precisam de apoio, que perderam vínculos, emprego, saúde. Essas, nós acolhemos. Agora, o criminoso, esse é papel da segurança pública. O prefeito foi claro: precisamos cuidar das pessoas em situação de rua. É o que estamos fazendo, com respeito, mas também com firmeza no enfrentamento ao crime”, concluiu.
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