Só o governo estadual deixou de repassar mais de R$ 5 milhões.  Hospital e escola suspendem serviços a partir desta sexta-feira, 1

O Hospital São Cottolengo e o Centro de Ensino Especial São Vicente de Paulo, que desde 2017 já deixou de receber repasses na ordem de mais de R$ 10 milhões, paralisarão, a partir desta sexta-feira, 1, os atendimentos à comunidade por tempo indeterminado.

Em dezembro do ano passado o Hospital São Cottolengo já havia diminuído o ritmo dos serviços prestados à 136 municípios pelo atraso nos repasses, inclusive fechando a agenda para novos atendimentos.

“Não possuímos a mínima condição de manter os serviços prestados porque atingimos o nível emergencial da capacidade financeira que tínhamos. Infelizmente, são várias as pessoas que não serão atendidas, por tempo indeterminado, além das cirurgias desmarcadas”. afirma o diretor presidente da Vila São José Bento Cottolengo, Marco Aurélio Martins.

A instituição tem tentado de diversas maneiras negociar a falta dos repasses, sem sucesso. Do governo federal, o valor que o hospital deixou de receber chega a R$ 4.673.438,55, referente aos meses de setembro, outubro e novembro. A quantia, no entanto, foi repassada pela União ao Estado.

Somado a esse valor, o governo estadual ainda está com atraso nos repasses de sua responsabilidade desde 2017. A dívida chega R$ 5.584.750,07.

O Jornal Opção entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e com a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce).

Por meio de nota, a Seduce disse que o convênio que mantém com a Unidade de Ensino Especial São Vicente de Paulo, que funciona nas dependências da Vila São Cottolengo, em Trindade, não inclui repasse de recursos financeiros. “A Seduce destaca ainda que o convênio em questão disponibiliza à instituição profissionais altamente capacitados na área de ensino especial para atender os estudantes da Unidade de Ensino”, diz nota.

Atendimentos

Diariamente, o Hospital São Cottolengo atende trindadenses e pacientes de 136 municípios goianos. São realizadas, além de consultas, tratamentos de fisioterapia, equoterapia, exames e cirurgias eletivas de pequeno e médio porte, totalizando cerca de 2400 atendimentos por dia.

“Tivemos de montar uma força-tarefa para notificar os municípios que atendemos para que não tragam seus pacientes, pois a partir de sexta-feira, as portas estarão fechadas”, pontua o diretor.

Na Escola, são atendidos 290 alunos – até o momento, já que ainda está em período de matrícula – (com capacidade para 250), entre crianças, jovens e adultos com deficiências múltiplas: Síndrome de Down, Autismo, TDAH, além dos próprios internos da Vila São Cottolengo.

Mantida pela Instituição em convênios com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação, a escola funciona de segunda à sexta-feira, com o apoio de 70 funcionários, em sua maioria servidores do Estado.

“Os professores, que são servidores do Estado, também estão sem receber o salário de dezembro, até o momento, e sem condições de continuar com o trabalho”, complementa Marco Aurélio.