“Por culpa do poder público e da Equatorial, perdemos um ente familiar” diz familiar de Nathaly Rodrigues
24 setembro 2025 às 12h51

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Todos os dias, às 4h30, Nathaly Rodrigues do Nascimento estava pronta para pegar o ônibus e se dirigir à cidade de Goiânia. Entusiasmada chegava na papelaria da Rua 4, no Centro de Goiânia, onde atuava como vendedora. O cotidiano dela era puxado, porém algo habitual de uma família de trabalhadores em que o pai, Junior é do segmento de pré-moldados e a mãe, Daiane, dona de casa. Ela tinha mais três irmãos: Ana Beatriz (22 anos), Júlia (19) e Heitor (8 anos). Olhar expressivo de uma sonhadora que queria vencer na vida, não gostava que ninguém colocasse a mão nos cabelos cacheados.
Ao final do expediente, por volta das 17h pegava novamente o transporte público e ia direto para a Escola Estadual Maria Aparecida de Almeida de Bonfinópolis-GO, onde era aluna do 2º ano EJA – Educação de Jovens e Adultos. Descia do ponto de ônibus, andava à pé uns 200 metros e buscava o material escolar que ficava guardado na coordenação. Ela só levava os cadernos e livros, nos fins de semana.
Em entrevista para o Jornal Opção, a gestora escolar Sandra Gouvêa disse que a rotina dela era trabalho, escola, casa. “Aí na segunda, ela não veio pra escola. A coordenadora entrou em contato e ela vinha ontem [23] fazer a prova que ela tinha perdido. Quando coloquei no grupo de whatsapp da escola, que uma menina, que trabalhava numa papelaria havia falecido. A coordenadora já sabia que era ela”.
“Eu acho que é uma responsabilidade muito grande, tanto da empresa de energia, que a gente está vendo o caos que está acontecendo, em todo o Goiás, e uma irresponsabilidade da prefeitura também, porque a gente tem visto os fios de internet, até aqui na nossa cidade, sobrecarregar demais os fios de energia. E não está tendo uma vistoria sobre isso, não está tendo um cuidado”, diz Sandra Gouvêa.
Ainda na concepção da gestora escolar, uma menina cheia de vida e simplesmente falecer por uma negligência é muito triste. Poderia ser a filha dela ou sua filha e não uma simples fatalidade. “É uma irresponsabilidade, entendeu? A gente não pode tampar o sol com a peneira. Tirou uma menina linda da família, da escola e cheia de sonhos. A gente está muito triste, muito mesmo”, complementa.
Segundo o primo Eduardo Henrique dos Santos, 18 anos, que também deu entrevista para o Jornal Opção, era de sorriso fácil. Educada, meiga e bastante amiga se dedicava aos estudos, pois sonhava com um futuro promissor. “O irmão caçula dela, ainda não assimilou que ela faleceu. Ele pensa que ela está no hospital, doente”, diz emocionado.
“Isso foi totalmente negligência, todos nós sabemos que Goiânia não tem estrutura pra aguentar uma chuva tão forte como aquela. Infelizmente, por culpa do poder público e da Equatorial, perdemos um ente familiar. Nathaly tinha um futuro tão brilhando pela frente”, diz Eduardo Henrique dos Santos.
Velório
O corpo da jovem Nathaly está sendo velado, na sala Tertuliano Pereira da Silva e o sepultamento está previsto para acontecer ainda nesta quarta-feira, 24, às 18h, no cemitério municipal de Bonfinópolis-GO.

Nota da Equatorial Goiás
Responsável pela distribuição de energia em Goiás, a Equatorial em nota enviada ao Jornal Opção disse lamentar o acidente e se solidariza com os familiares e amigos da vítima. A empresa informou que tomou as medidas de segurança necessárias e que acompanhará a investigação das causas.
A distribuidora disse que acompanhará a apuração e seguirá prestando todo o apoio. A companhia reforça as medidas de segurança, neste período de temporais: Não se abrigar em marquises ou debaixo de árvores durante tempestades. Ao identificar cabos caídos ao solo, manter distância e acionar imediatamente a Equatorial Goiás: 0800 062 0196 ou o Corpo de Bombeiros (193). Além disso, se avistar algum cabo no chão ou com risco de acidente, não se aproxime. Acione a Equatorial Goiás ou Corpo de Bombeiros imediatamente.
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