População cobra conclusão da reforma do CIAMS Novo Horizonte e teme fechamento da urgência; veja fotos

21 agosto 2025 às 18h33

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Colaborou Fabrício Vera
A reforma Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (CIAMS) no setor Novo Horizonte, que se arrasta desde 2024, durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), está paralisada por falta de empresa para tocar a obra. Enquanto isso, moradores e profissionais da região demonstram preocupação com a possibilidade de fechamento definitivo da urgência e emergência da unidade, considerada referência para bairros do sudoeste da capital.
O temor cresceu após informações de que a emergência supostamente seria fechada sob a justificativa de que novas unidades poderão ser construídas com recursos de emendas parlamentares. Contudo, moradores e lideranças locais afirmam que não há qualquer obra em andamento, tampouco projetos formalizados, o que aumenta a sensação de abandono.
Em nota, a secretaria disse que a gestão trabalha para realizar nova contratação para retomada de obras e que não há definição da pasta para o fechamento da unidade.
Estrutura improvisada e falta de materiais
Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Novo Horizonte, Ailton Oliveira, a emergência está funcionando de forma improvisada no auditório do prédio, enquanto as salas destinadas ao setor seguem interditadas. “A estrutura onde funciona a emergência estava em reforma e, nessa gestão, não deram sequência. Iria abrir uma nova licitação, mas a obra está parada há oito meses. Fomos pegos de surpresa com a informação de que a Secretaria de Saúde quer fechar de vez a emergência, sem ouvir a comunidade. Isso é inadmissível, porque a unidade atende uma região formada por muitos idosos, que dependem desse serviço”, afirmou.
A preocupação é compartilhada pelos trabalhadores da saúde. A presidente do Sindsaúde, Néia, relatou que a escassez de insumos básicos ainda faz parte da rotina. “Embora o prefeito faça muitos vídeos falando das melhorias, só nos vídeos os trabalhadores têm visto isso. Na prática, no dia a dia, continua na mesma. Os grupos de WhatsApp seguem firmes e fortes, servindo para a permuta improvisada de materiais que faltam”, disse.
Néia acrescenta que a categoria foi surpreendida pela informação de que a urgência da unidade poderá ser fechada durante a reforma e os atendimentos transferidos para uma unidade a ser construída no Cidade Jardim. “Essa informação chegou até nós pelos próprios conselheiros locais de saúde, que ouviram isso da Secretaria. O que nós esperamos é que essas decisões sejam tomadas de fato dialogando com os usuários do serviço e com os trabalhadores, e não de forma a atropelar toda a comunidade que depende dali”, pontuou.
Segundo ela, a mobilização já começou. “Fizemos uma manifestação ontem, com a participação do Conselho Local de Saúde e da Associação de Moradores do Bairro, e na próxima quinta-feira vamos realizar uma carreata para conversar com a população da região que utiliza o serviço”, destacou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que as obras foram paralisadas na gestão anterior após a suspensão do contrato com a empresa responsável pelos serviços, por determinação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) em função de irregularidades. A pasta ainda ressaltou que não há definição para o fechamento da unidade e que trabalha para realizar nova contratação para a retomada de obras na redes de saúde do município. (Leia a nota na íntegra).
Histórico de promessas não cumpridas
A insatisfação também é alimentada pela longa trajetória de interrupções e promessas frustradas envolvendo o CIAMS Novo Horizonte. O farmacêutico Alessandro Araújo Rezende, que trabalha em frente à unidade há mais de uma década, recorda que o local já chegou a ser referência em traumatologia, radiologia, pediatria e atendimento de urgência.
“No tempo do Paulo Garcia, fecharam para reforma com promessa de reabrir em um ano, mas levaram três. E quando reabriram, foi sem raio-X e sem urgência completa, só casos leves. Hoje, reduziu tudo, não tem pediatra, não tem radiologia, nem traumatologia. Por fora ficou bonito, mas, na prática, a população perdeu serviços essenciais”, contou.
O comerciante Thiago Correa Santos, morador da região, também destaca a queda na qualidade do atendimento após as reformas. “Antigamente era muito bom, tinha raio-X, pediatra, atendimento rápido. Depois da reforma, piorou demais. O pronto-socorro chegou a ser suspenso e só voltou a funcionar quando a UPA do Jardim América ficou fechada. O CIAMS é uma unidade grande, com potencial enorme, que recebe pacientes até de vans vindas do interior. Mas hoje está bem diferente do que já foi”, lamentou.
Debate no Conselho de Saúde
O assunto também chegou ao Conselho Municipal de Saúde, mas, segundo um membro ouvido pela reportagem, ainda não há decisão oficial. “A comunidade se mobiliza porque precisa de respostas, mas no âmbito do conselho não há nada acertado. O que temos é uma obra paralisada desde a gestão anterior e a necessidade de definir como a reforma será retomada”, explicou Venerando Lemes ao Jornal Opção.
Nota da SMS
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informa que as obras no Centro Integrado de Atenção Médica Sanitária (CIAMS) do Novo Horizonte foram paralisadas na gestão anterior após a suspensão do contrato com a empresa responsável pelos serviços, por determinação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) em função de irregularidades.
A atual gestão trabalha para realizar nova contratação para a retomada de obras na rede de saúde.
A secretaria esclarece que não há definição da pasta para o fechamento do CIAMS Novo Horizonte.
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