Polícia desmonta esquema milionário de cogumelos alucinógenos no Distrito Federal
Júnior Kamenach
04 setembro 2025 às 08h10
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou nesta quinta-feira, 4, a Operação Psicose, que resultou na destruição de um dos maiores e mais sofisticados esquemas de tráfico de cogumelos alucinógenos no Brasil.
A quadrilha, especializada na produção e venda de psilocibina, movimentava cifras milionárias e operava em escala nacional.
Segundo as investigações da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), o grupo faturava até R$ 200 mil por dia, com ramificações no Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina.
A investigação começou a partir do monitoramento de redes sociais, sites e grupos de WhatsApp que anunciavam os chamados “cogumelos mágicos”. No DF, uma empresa de fachada usava perfis no Instagram para atrair clientes e redirecioná-los para uma plataforma on-line.
No e-commerce, o portal oferecia catálogo de produtos com fotos em alta qualidade; detalhes sobre espécies e formas de consumo; pagamento por cartão, Pix e transferências; e entregas via Correios e transportadoras privadas no modelo dropshipping.
Os criminosos enviaram mais de 3.700 remessas postais, o equivalente a 1,5 tonelada de psilocibina distribuída no Brasil. Além da venda direta, a quadrilha fornecia drogas para outros traficantes sem produção própria.
Estrutura criminosa sofisticada
A base do esquema estava no DF, Paraná e Santa Catarina, onde empresas de fachada camuflavam a atividade ilegal. No Paraná, a polícia encontrou galpões industriais de cultivo de cogumelos, com centenas de quilos da droga prontos para distribuição.
A operação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e 9 prisões preventivas em Brasília, Curitiba, Joinville (SC), São Paulo, Belém, Belo Horizonte e Vitória. O grupo investia em marketing digital agressivo, com anúncios pagos, influenciadores, DJs e estandes em festivais de música eletrônica.
A estratégia incluía a divulgação de informações falsas sobre supostos benefícios terapêuticos da psilocibina, atraindo principalmente o público jovem. Os preços variavam de R$ 84,99 por 3 gramas a R$ 9,2 mil por 1kg.
Os envolvidos podem responder por tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, crimes ambientais, crimes contra a saúde pública, publicidade enganosa e curandeirismo. As penas somadas podem chegar a 53 anos de prisão.
A psilocibina, presente nos cogumelos alucinógenos, é uma substância psicodélica que altera a percepção, a noção de tempo e pode causar desde euforia até episódios graves de ansiedade e paranoia (bad trip).
No Brasil, a psilocibina é proibida pela Anvisa (Portaria nº 344/1998), tornando seu cultivo e comércio ilegais. Além das prisões, foram bloqueados ativos bancários, suspensos websites e perfis em redes sociais e apreendidos veículos de luxo da quadrilha.
A PCDF afirmou que desarticulou uma “estrutura criminosa altamente organizada” e que novas investigações estão em andamento para impedir a retomada das atividades.
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