Polícia Civil apresenta suspeitos de matar três mulheres em Goiânia

30 junho 2014 às 13h38

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O grupo formado por quatro homens teria assassinado também um homem. Investigadores apontam como motivação principal o tráfico de drogas

A delegada Silvana Nunes, da Delegacia Estadual de Homícidos (DIH), apresentou na manhã desta segunda-feira (30/6) dois suspeitos de matar três mulheres em Goiânia. Os suspeitos são Leandro Fernandes Dias, de 27 anos, e Rogério Alves do Nascimento, de 18 anos. Segundo a delegada, as três vítimas eram prostitutas e tinham ligação com o tráfico de drogas na região do Dergo, no Bairro São Francisco, onde os crimes aconteceram.
O assassinato mais recente aconteceu no Morro do Mendanha, no último dia 18, quando Patrícia de Oliveira foi morta com um tiro na cabeça. Segundo a delegada, a jovem, de 18 anos, recebia porções de drogas de Leandro Dias para revender aos seus clientes, no entanto, por ser usuária, acabava consumindo parte da substância. Patrícia tinha cabelos longos e antes de ser morta o autor [Leandro Dias] raspou seus cabelos e ligou para outra prostituta para contar que estava cortando o cabelo de uma “pisona” – jargão criminoso que se refere aos que delatam ou não cumprem as ordens.
O Morro do Mendanha é a região onde estão instaladas torres das emissoras de televisão de Goiânia e que também já foi palco de outros crimes ligados ao tráfico de drogas, como o das quatro jovens mortas por traficantes em março deste ano.
Outros dois integrantes do grupo que matou as três prostitutas, André Luiz Marques da Silva, conhecido como “Testa”, e Maycon Silva, conhecido como Gaguinho, já estão presos na Casa de Prisão Provisória (CPP), em Aparecida de Goiânia. A equipe da DIH não conseguiu transportá-los para local de apresentação à imprensa porque esse tipo de ação demanda autorização judicial, que não foi liberada a tempo.
Apuração
As investigações começaram a partir da morte de Kelly Tatiany Costa Silva, de 32 anos. O crime aconteceu na madrugada de 18 de maio deste ano e segundo informações da Polícia Civil a mulher foi espancada e morta por estrangulamento, em frente a um motel na Rua Rocha Pombo, do Bairro São Francisco. Também neste caso, a vítima devia drogas para Leandro Dias. “As averiguações sobre o homicídio da Kelly foram possíveis porque recebemos denuncia anônima por meio do 197”, informou a delegada.
A terceira vítima do grupo é Sirene Florêncio dos Santos, de 33 anos, que também foi atingida na cabeça. A mulher estava em um ponto de prostituição localizado na Rua Havaí com a Rua Resende quando um homem chegou em um VW Gol claro e atirou contra ela. O principal suspeito de cometer o crime também é Leandro. A família de Sirene não sabia que ela era prostituta. “Eles achavam que ela era vendedora de espetinho”, disse a delegada Silvana Nunes ao Jornal Opção Online, que também assegurou que a família geralmente não sabe o que essas jovens fazem à noite. “Muitas famílias se surpreenderam com essa informação e com a certeza de que faziam ponto na região”, concluiu.
Outra vítima do grupo foi Carlos Athila Magalhães Chuva, de 32 anos. O homem se encontrava em situação de rua devido ao vício e se tornou traficante. Segundo as apurações ele devia R$ 2 mil a Leandro Dias. O corpo de Carlos Athila foi encontrado na ponte da Esplanada dos Anicuns, com quatro tiros no corpo, no dia 05 de abril de 2014. O local do homicídio é conhecido como boca de fumo.
“Existe uma lei própria no tráfico, onde aquele que fala morre, onde aquele que denuncia morre e eles fazem questão de mostrar o poderio deles. Leandro e o grupo gostavam de humilhar as vítimas”, acentuou Silvana.
Um detalhe que segundo os policiais chamou atenção foi a circunstância em que Leandro Dias foi preso: ele estava dentro de um quarto de motel com um jovem homossexual. “Era um rapaz que vez ou outra fazia sexo com ele em troca de droga. Este lado homoafetivo o suspeito mantinha em sigilo”, afirmou a delegada. Ainda com Leandro, a polícia encontrou uma arma de fogo calibre 38 e algumas pedras de crack.
A reportagem ouviu Leandro Dias e ele disse que não cometeu os crimes. “Sou apenas usuário, um noíado, um pé rapado. Eu nem conhecia essas prostitutas”, disse, de cabeça baixa.
Durante a apresentação o delegado titular da DIH, Murilo Polati, acentuou que os crimes de homicídios são complexos. “Essas investigações presididas pela doutora Silvana mostram isso. Essa situação apresentada reflete que 90 % dos casos de homens e mulheres assassinados em Goiás estão envolvidas com o tráfico de entorpecentes.”
O delegado aproveitou a ocasião para reiterar que o rumor sobre o assassino em série não é verdadeiro. “Isso nos deixam tranquilos em relação à suposta existência de um serial killer. Infelizmente a violência está desenfreada”, lamentou.
A apresentação aconteceu no auditório da Secretaria de Segurança Pública, no Setor Aeroviário. Todos os criminosos já tinham passagens por resistência, receptação de veículos e tráfico. Leandro Dias, por exemplo, já havia sido preso outras 26 vezes.