Polêmica entre estilista e clientes vira caso de polícia em Goiânia
20 fevereiro 2018 às 18h17

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Quatorze noivas denunciam que foram lesadas porque Juliana Pereira Santos, conhecida nacionalmente, deixou de cumprir contrato. Profissional nega acusações

A estilista goiana Juliana Pereira dos Santos, conhecida nacionalmente por produzir vestidos de noiva exclusivos, é alvo de denúncia na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), em Goiânia.
De acordo com o delegado Webert Leonardo, um advogado representando 14 clientes da estilista esteve na delegacia para denunciar que Juliana estaria deixando de cumprir os contratos firmados com as noivas. Segundo o delegado, três vítimas já foram ouvidas pela polícia e as demais deverão comparecer na delegacia nos próximos dias.
“Uma das clientes precisou comprar outro vestido para o casamento da filha porque a estilista ficava enrolando com a data da prova do vestido e acabou não cumprindo o acordado no contrato. Ela ainda mandou um áudio bem agressivo, mostrando pouco caso e desdenho com a situação da cliente”, narra.
Ainda segundo o delegado, o caso vai ser tratado com muita cautela pela Polícia Civil para analisar se a estilista é apenas uma pessoa de difícil relacionamento que trata as clientes com soberba, mas que tenta cumprir seus contratos, ou se ela age com dolo, dando falsas informações sobre o serviço. Neste caso, então, a prática poderia ser considerada estelionato.
“Pelo que já apuramos, tudo indica que ela está deixando de cumprir os contratos sem se preocupar com as consequências disso. Queremos saber se essa é uma prática comum com outras clientes”, conta o delegado. Juliana deve ser intimada pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos nas próximos 15 dias.
Tem cliente satisfeita

O Jornal Opção entrou em contato com clientes da estilista. Leny Novais, empresária, comprou dois vestidos de noiva com Juliana: um para o casamento civil, e outro para o casamento religioso. No entanto, Leny acabou desistindo da segunda cerimônia apesar de já ter feito pagamento antecipado do vestido.
A cliente conta que apesar da situação, não enfrentou nenhum tipo de problema na negociação com a estilista, que se mostrou disposta a utilizar o tecido comprado para confeccionar outros vestidos para a cliente. “Eu não tenho nada para reclamar da Juliana nem do atendimento dela. Ela sempre me atendeu de forma sincera e nunca me destratou. Meu vestido foi muito elogiado e eu o recebi na data correta”, afirma.
Nas redes sociais, a estilista reagiu às denúncias, dizendo ser uma profissional “com muita ideologia” e que “luta pelo que acredita”. Juliana disse ainda que, em resposta à denúncia, vai começar uma campanha de vídeos e pede a participação das clientes para que o fato não prejudique o ateliê.
Resposta
Em entrevista à reportagem, Juliana Pereira dos Santos rebateu as denúncias e disse que, em menos de dois anos de profissão, já entregou mais de 400 vestidos de noivas.
No caso das 14 denunciantes, a profissional conta que todos os contratos foram rompidos pelas clientes, que desistiram do vestido de noiva e pediram ressarcimento de 100% do valor pago. No entanto, afirma a estilista, está previsto em contrato que, em caso de desistência, apenas 30% do valor do vestido seria devolvido.
Sobre o caso específico da cliente identificada como Sandra, que precisou comprar outro vestido para o casamento da filha, Juliana disse que, ao contrário do alegado na denúncia, ela se disponibilizou sim para fazer a prova do vestido.
Para ela, o caso teria se tornado algo pessoal e afirmou que também acionará a antiga cliente na Justiça. “Eu não sou rica, não sou milionária para devolver dinheiro de todo mundo que acordar de pá virada. Tenho dois filhos, estou grávida do terceiro e não sou nenhuma estelionatária”, garante a estilista.
Carreira
Juliana Pereira Santos ficou conhecida nacionalmente como estilista de vestidos de noiva ao participar de programas como o “Encontro com Fátima Bernardes” da TV Globo e “Hora do Faro da TV Record.
A profissional, que não tem uma das mãos, ficou conhecida como “fada madrinha” das noivas em Goiânia por confeccionar vestidos a preço de custo para mulheres com baixa renda.