PL suspende articulação com Ciro Gomes após crise pública entre Michelle e filhos de Bolsonaro
02 dezembro 2025 às 19h22

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O Partido Liberal (PL) suspendeu, nesta terça-feira 2, as tratativas de aliança com Ciro Gomes no Ceará. A decisão foi tomada após uma reunião convocada para conter o desgaste causado pela divergência pública entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos de Jair Bolsonaro, Flávio, Carlos e Eduardo.
A crise começou no domingo, 30, quando Michelle criticou, em evento em Fortaleza, o deputado federal André Fernandes, presidente estadual do PL, por conduzir uma articulação com Ciro para enfrentar o PT no Estado. O gesto gerou reação imediata dos filhos do ex-presidente, que classificaram a postura da madrasta como “autoritaria” e saíram em defesa de Fernandes.
A direção nacional do PL convocou Michelle, Fernandes e representantes da legenda para uma reunião na sede do partido, em Brasília. O senador Flávio Bolsonaro afirmou que o episódio foi resultado de um “ruído interno” e garantiu que o problema “não voltará a acontecer”.
Segundo ele, as conversas sobre o Ceará ficam suspensas até que o partido encontre uma solução consensual. “Daqui para a frente, vamos fazer como sempre deveria ser: conversas internas, respeito às lideranças regionais e definição estratégica alinhada. Não vai acontecer novamente”, disse Flávio.
Participaram do encontro o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o secretário-geral Rogério Marinho, além de Michelle Bolsonaro e André Fernandes.
Articulação com Ciro é interrompida
Após a reunião, Fernandes confirmou a suspensão das negociações com Ciro Gomes. “Vamos dar uma pausa, repensar e analisar o que é melhor para o Ceará neste momento”, declarou.
O episódio ocorre apenas uma semana depois de a família Bolsonaro pregar unidade e criticar disputas públicas entre aliados. A nova crise expõe divergências internas sobre como manter a influência de Jair Bolsonaro, preso preventivamente e com comunicação restrita, nas decisões políticas do partido.
Flávio Bolsonaro tem sido o porta-voz oficial do pai desde a prisão, sendo o principal interlocutor da família com a direção do PL. A escolha mostrou seu protagonismo dentro da sigla e contrasta com a percepção de Eduardo Bolsonaro, que afirmou recentemente que “sempre haverá confusão sobre quem fala pelo meu pai” enquanto durar a prisão.
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