PIB cresce 4,6% em 2021, mas previsão é de estagnação para este ano

04 março 2022 às 16h03

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Mesmo com pandemia da Covid-19, a economia brasileira movimentou R$ 8,7 trilhões no ano passado
Com crescimento recorde dos últimos anos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encerrou 2021 com alta de 4,6%, acumulando uma movimentação em valores correntes de R$ 8,7 trilhões. O avanço na economia fez o país recuperar as perdas registradas em 2020, quando houve queda (-3,9%). A principal causa apontada foi a pandemia da Covid-19. Nesse contexto, o PIB per capita atingiu R$ 40.688 no ano passado, o que representa um avanço de 3,9% em relação ao ano anterior (-4,6%).
O PIB é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país, medido trimestralmente, no quarto trimestre o crescimento foi de 0,5% em comparação com igual período de 2019, período de pré-pandemia. No entanto, segue 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, registrado no primeiro trimestre de 2014. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e foram divulgados nesta sexta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas essa tendência de crescimento deve continuar neste ano? De acordo com a economista e analista de mercado, Greice Guerra Fernandes, a previsão para 2022 é de recuo da economia. Para ela, a situação dependerá do cenário internacional, devido às consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que pode resultar na elevação da taxa de juros (Selic) e de preços de produtos e serviços, retraindo o consumo das famílias. “Existe uma tendência de estagflação. Pode até crescer o PIB, o que eu acho difícil”, salienta ela, acrescentando ainda a continuação da pandemia. Além disso, há a questão das incertezas do ano eleitoral, de quem será o novo presidente.
O levantamento do IBGE aponta que o crescimento econômico foi puxado pelo consumo de serviços (4,7%) e da indústria (4,5%). Os dois juntos representaram 90% do PIB. Já a agropecuária caiu 0,2% em 2021. Para a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, todas as atividades econômicas que compõem os serviços cresceram no ano passado, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%). Outra demanda foi de transporte de passageiros, que teve alta no fim do ano, quando houve o retorno de viagens. A atividade de informação e comunicação (12,3%) também avançou puxada por internet e desenvolvimento de sistemas. “Essa atividade já vinha crescendo antes da pandemia, mas com o isolamento social e todas as mudanças provocadas pela pandemia, esse processo se intensificou, fazendo a atividade crescer ainda mais”, esclarece.
Além disso, houve crescimento de outras atividades de serviços (7,6%), como os serviços presenciais, no período mais crítico das restrições foi a mais afetada pela pandemia, porém voltou a se recuperar, impulsionada pela própria demanda das famílias por esse tipo de atividade. Assim, cresceram o comércio (5,5%), atividades imobiliárias (2,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,5%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%).
Em Goiás, o mercado imobiliário se surpreendeu com a retomada rápida, depois de um ano anterior de incertezas, devido a pandemia. Sócio Diretor da URBS Imobiliária, Ricardo Teixeira, aponta mecanismos econômicos adotados pelo governo federal, que resultaram na retomada do crescimento. “Até o ano passado se tinha uma queda muito grande das taxas de juros, quando houve recorde de financiamentos imobiliários. Em 2021, por exemplo, aquelas pessoas que estavam em dúvida pela compra do imóvel, acabaram se decidindo pela compra”, lembra. A constatação é de que a pandemia potencializou a decisão dos consumidores desse setor pela aquisição do imóvel, algo que já vinha sendo planejado bem antes.
No setor industrial, foi constatado o desempenho da construção que subiu 9,7% em 2021, depois de queda de 6,3% em 2020. Para se ter ideia, as indústrias de transformação cresceram 4,5%, influenciadas, principalmente, pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos; metalurgia; fabricação de outros equipamentos de transporte. Somada a isso, a fabricação de produtos minerais não-metálicos; e indústria automotiva. Já as indústrias extrativas avançaram 3,0%, por causa da alta na extração de minério de ferro.
O recorde da década de crescimento do PIB foi em 2010, quando ficou em 7,5%, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daquele período para cá, no início do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) o PIB alcançou 4,0%, em 2011; e no fim do mandato dela estava em menos 3,5%, seguindo em -3,3% no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2016. O presidente Jair Bolsonaro (PL) pegou o país com crescimento positivo de 1,1%, em 2019.
Por meio de nota, o Ministério da Economia destacou que, em meio à guerra na Ucrânia, o país demonstra que é um “porto seguro para os investimentos privados”, anunciando a realização de novas micro reformas que devem aumentar a produtividade do país e a segurança jurídica para o investimento. A Secretaria de Política Econômica citou que o Brasil tem um carregamento estatístico de 0,3% do PIB em 2022. Isso devido ao avanço do mercado de trabalho e a ampliação dos investimentos privados.