“Petrobrás sobe preços muito rápido”, justifica presidente do BC sobre aumento da Selic para atingir meta da inflação

14 setembro 2021 às 17h28

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Taxa básica de juros deve sofrer aumento de um ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve ocorrer na próxima semana

Ao Afirmar que o Banco Central não irá alterar o plano de vôo para a política monetária a cada divulgação de alta frequência, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, responsabilizou a Petrobrás pelos sucessivos reajustes em produtos que pressionam a inflação, como a gasolina. Para ele, a empresa repassa o custo do impacto da alta do dólar com muito mais frequência que ocorre em outros países.
Segundo ele, os sucessivos choques sofridos pela inflação afetaram o preço cobrado nas contas de energia. Como principais fatores, Campos Neto menciona o preço das commodities, a crise hídrica e os preços do petróleo e do etanol, que contribuíram a desvalorização cambial. Isso, porque na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação aumentou 0,87% em agosto, com alta acumulada de 9,68% nos últimos 12 meses.
“A parte de passar esse preço de commodities para o preço interno no Brasil, o mecanismo é um pouco mais rápido, lembrando que a Petrobras, por exemplo, passa preços muito mais rápido do que a grande parte dos outros países. A gente tem olhado isso também”, opinou.
Nesta terça-feira, 14, durante evento da BTG, ele ainda afirmou que, nesse cenário de alta nos preços, a taxa básica de juros, a Selic, será elevada até o patamar necessário para atingir a meta de inflação. A taxa atual é de 5,25% ao ano, mas deve aumentar cerca de um ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) – que deve ocorrer na próxima semana.
Roberto deixou claro, no entanto, que a política monetária não será alterada por questões atuais. “Algumas coisas a gente tem comunicado, já tinha antecipado, algumas coisas de disseminação estão um pouco piores na ponta, mas a gente tem um plano de voo que a gente olha no horizonte mais longo. Isso não significa que você não vai atingir o objetivo de estabilizar, de fazer a convergência da inflação na frente, mas significa que não obrigatoriamente tem a necessidade de reagir a dados de alta frequência”, disse.