Petistas goianos defendem manifestações pacíficas, mas criticam “golpismo”
16 março 2015 às 12h29

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Prefeito Paulo Garcia fala em “pacto social” pelo Brasil, Luis César Bueno culpa classe média-alta e Rubens Ottoni lembra que o PT ganhou as eleições
As manifestações que tomaram o Brasil no último domingo (15/3) ainda geram debate (e dúvidas) na classe política. Um dia após cerca de 2 milhões de brasileiros — sendo 60 mil em Goiânia — irem às ruas pedindo o fim da corrupção e, ainda, o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o jornal Opção Online procurou nomes da legenda em Goiás para comentar o evento.
Embora haja divergência quanto as motivações, um posicionamento é unânime: não há legitimidade no pedido de impedimento da presidente. O prefeito da capital, Paulo Garcia, alerta para o “rompimento da democracia”, enquanto o vereador e líder do governo na Câmara, Carlos Soares, questiona o impeachment: “Não adianta mudar o gestor se não há mudança no sistema”.
Quando o assunto é a relevância das manifestações, o deputado estadual Luís César Bueno critica a cobertura da mídia, acusando, inclusive, a Rede Globo, de apresentar dados díspares sobre o protesto de São Paulo. “Deve rever a informação: enquanto a Polícia Militar falou em 1 milhão, o Datafolha registrou apenas 210 mil”, sugere. O deputado federal Rubens Ottoni considera que a discussão sobre números é irrelevante. Para ele, é preciso defender o espaço para manifestações e o governo deve estar atento a elas: “Temos que ter a sensibilidade de escutar a voz do povo”.
Luís César acredita que a insatisfação é restrita a um setor da sociedade. “A classe média-alta que foi às ruas manifestar, pois viu no governo a política da distribuição de renda e não aceita isso”, justifica o deputado estadual. Por outro lado, Ottoni não acredita em “manifestação das elites”: “É um protesto de toda a sociedade contra o sistema político. Não é, necessariamente contra o governo federal. Independe de partido… Foram às ruas contra a corrupção”.
Veja abaixo os posicionamentos na íntegra:
“Defendo as manifestações, desde que sejam pacíficas e aparentemente foram. Fazem parte da democracia e penso que precisamos construir um grande pacto social pelo Brasil, independente de bandeira partidária. Agora, o que não podemos e não defendo é o rompimento do regime democrático como alguns grupos da sociedade querem”
Prefeito de Goiânia, Paulo Garcia
“Foi uma manifestação democrática, de insatisfação de um setor da sociedade. Foi a classe média-alta protestando, pois viu no governo do PT a política de distribuição de renda, perdendo alguns privilégios e não aceita isso. É uma reinvindicação legitima, concordo. Mas, acho que faltou o governo divulgar melhor as políticas que desenvolveu para esses setores — que foram muitas. A Rede Globo deveria rever a disparidade de informação que divulgou em São Paulo. Afirmaram que foi1 milhão de pessoas e o DataFolha registrou 210 mil. Está na capa da Folha de S. Paulo”
Deputado estadual Luís César Bueno
“As manifestação de rua são legitimas, fazem parte da democracia, então eu mais do que nunca defendo o espaço para elas. Nosso governo defende isso. É claro que elas precisam ser pacíficas e sem manipulação. Agora defendemos também que faz parte da democracia respeitar o resultado das eleições. Quem ganha, governa, quem perde, se prepara para outra. Repudiamos a tentiva de golpe. Acredito que a presidenta Dilma fez certo ao não se pronunciar. Qualquer ação pode ser mal interpretada no momento de ‘fervura’.
É preciso ter a sensibilidade de extrair o positivo, de ouvir as vozes das ruas. Vale destacar que a reinvindicação maior não era contra a Dilma, e, sim, contra a corrupção. Não foi necessariamente contra o governo, foi independente de partido. Teve de tudo, contra o prefeito Paulo Garcia, contra Marconi e Dilma. Contra política e contra políticos. Qualquer pessoa com mínimo de consciência sabe que a corrupção não começou neste governo e nem vai terminar nele.
A grande necessidade que nós temos hoje é fazer a reforma política, pois é ela que vai modificiar e modernizar sistema político eleitoral. Muitas das mazelas advém do sistema político eleitoral que está ultrapassado, defasado e é um sistema que incentiva e induz a corrupção. Minha opinião é que o grande incentivo das manifestações é o combate a corrupção — que não é só do PT — e isso não é coisa da elite. A manifestação é do povo”
Deputado federal Rubens Ottoni
“Avalio as manifestações como positivas, pois são reinvindicações pacíficas e, logo, um avanço da democracia. O povo tem direito de questionar o que eles acham que está errado. No entanto, não acho que o melhor seja o impeachment, acho que o correto é a reforma política para avançarmos no sistema democrático. Vejo que o Brasil está maduro e suporta manifestações. É um avanço. Agora, o impeachment não muda nada se o sistema continua o mesmo. A grosso modo alguma coisa sempre muda quando muda o gestor, pois cada um tem seu jeito. Só que para mudar de fato tem que mudar o sistema. Não adianta culpar só o prefeito Paulo Garcia ou só a presidente Dilma. Tem-se que discutir o processo como um todo”
Vereador e líder do governo na Câmara, Carlos Soares