Estudo da USP indica necessidade da realização de testes após os 14 dias de afastamento do indivíduo infectado. O objetivo é confirmar se o vírus foi de fato eliminado

Os pacientes saudáveis e que apresentaram sintomas leves da Covid-19 podem ter episódios de positividade prolongada. É o que avalia um estudo da Universidade de São Paulo (USP), a cargo do pós-doutorando Marielton dos Passos Cunha. Segundo ele, os resultados levantam uma discussão sobre a necessidade da realização de testes após os 14 dias de afastamento do indivíduo infectado. O objetivo é confirmar se o vírus foi de fato eliminado.

A pesquisa faz parte de um projeto de monitoramento do SARS-CoV-2 na região metropolitana de São Paulo, cujas amostras foram coletadas entre março e novembro de 2020, e está sendo finalizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Instituto Pasteur e pelo Consulado da França em São Paulo, sob a coordenação da pesquisa Paola Minóprio. Para o teste, 38 pacientes foram selecionados, os quais apresentaram sintomas leves para participar do estudo.

Um deles é portador de HIV e testou positivo por 232 dias; já os outros dois testaram positivo durante 71 e 81 dias, no entanto, os indivíduos estiveram assintomáticos na maior parte do tempo. O pesquisador ressaltou que o paciente com HIV estava com a doença controlada naquele período, com a contagem normal de de células do sistema imune. Portanto os dados sugerem que ele era tão capaz de responder ao vírus tanto quanto os outros dois pacientes. Apesar da alta durabilidade da infecção, os pesquisadores conseguiram caracterizar toda a duração.

Outros estudos

Conforme outros estudos sobre o tema, pacientes com quadros de imunossupressão, associada a alguma doença ou a um transplante, o que explica a dificuldade no controle da infecção. A infecção prolongada também pode estar associada ao próprio vírus, que desenvolve mecanismos para sobreviver e se perpetuar. “O vírus pode modular alguns genes do hospedeiro para ajudar a sua replicação, por exemplo, e assim evadir de respostas ligadas ao sistema imune. Então, as mutações virais acumuladas ao longo da infecção podem estar relacionadas a essa positividade prolongada”.