Pesquisadores Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson vencem Nobel da Economia
14 outubro 2024 às 09h46
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A Real Academia de Ciências da Suécia anunciou, nesta segunda-feira, 14, os nomes dos pesquisadores Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson como ganhadores do Prêmio Nobel de Economia 2024, “por estudos sobre como as instituições são formadas e afetam a prosperidade”.
Acemoglu e Johnson são pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Robinson, da Universidade de Chicago. Os três são norte-americanos. Seus estudos ajudaram a entender as diferenças na prosperidade entre as nações. O comitê decisor do prêmio avaliou o porquê dos 20% de países mais ricos do mundos são, atualmente, cerca de 30 vezes mais ricos que os 20% mais pobres.
A láurea, conhecida como Prêmio Sveriges Riksbank de 2024 em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, foi concedida principalmente pelo artigo dos pesquisadores Institutions as the Fundamental Cause of Long-Run Growth (“As instituições como causa fundamental do crescimento a longo prazo”).
“O artigo discute a importância das instituições econômicas como causa fundamental das diferenças no crescimento econômico e na prosperidade entre os países. Ele argumenta que as diferenças nas instituições econômicas, em vez da geografia ou cultura, são o principal impulsionador das disparidades de renda entre as nações”, diz trecho do estudo.
“A evidência empírica dos experimentos coreanos e coloniais sugere fortemente que as diferenças nas instituições econômicas, em vez da geografia ou cultura, são o principal determinante do desempenho econômico de longo prazo.”
Estudos dos pesquisadores
Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson são amplamente reconhecidos por seus estudos sobre o impacto das instituições na prosperidade econômica das nações. O trabalho conjunto desses três economistas foca principalmente em como as instituições políticas e econômicas moldam o desenvolvimento econômico a longo prazo.
1. “Institutions as the Fundamental Cause of Long-Run Growth” (As instituições como causa fundamental do crescimento a longo prazo)
Esse artigo é um dos trabalhos mais influentes do trio. Nele, Acemoglu, Johnson e Robinson argumentam que as instituições – e não fatores como geografia ou cultura – são o principal determinante das diferenças de desenvolvimento econômico entre as nações. O artigo sugere que países com instituições inclusivas, que incentivam o crescimento econômico e a inovação, tendem a ser mais prósperos, enquanto aqueles com instituições extrativas, que concentram o poder e os recursos em uma elite, tendem a permanecer pobres.
2. “The Colonial Origins of Comparative Development” (As origens coloniais do desenvolvimento comparativo)
Neste estudo, Acemoglu, Johnson e Robinson examinam os impactos de instituições coloniais sobre o desenvolvimento econômico. Eles mostram que as práticas institucionais introduzidas pelas potências coloniais tiveram efeitos duradouros sobre o desempenho econômico das colônias, com algumas regiões herdando instituições inclusivas (como na América do Norte), enquanto outras herdaram instituições extrativas (como na África e América Latina). O artigo utiliza a mortalidade dos colonizadores europeus como uma variável para explicar onde os colonizadores estabeleceram instituições extrativas e inclusivas, ligando essas diferenças institucionais ao desenvolvimento econômico posterior.
3. “Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty” (Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza)
Esse livro, publicado por Acemoglu e Robinson (sem Johnson), se tornou uma das obras mais conhecidas sobre desenvolvimento econômico. O argumento central do livro é que as diferenças na prosperidade entre as nações são determinadas pela qualidade das instituições políticas e econômicas. Países com instituições inclusivas, que promovem participação e proteção dos direitos de propriedade, têm maior probabilidade de crescer e prosperar. Em contraste, países com instituições extrativas, que favorecem uma elite no poder, estão condenados ao subdesenvolvimento.
4. “Reversal of Fortune: Geography and Institutions in the Making of the Modern World Income Distribution” (Reversão da Fortuna: Geografia e Instituições na formação da distribuição de renda mundial moderna)
Nesse estudo, Acemoglu, Johnson e Robinson investigam como algumas regiões do mundo que eram ricas no passado (como partes da América Latina e da Ásia) se tornaram relativamente pobres hoje, enquanto outras regiões historicamente pobres (como a América do Norte) se tornaram prósperas. Eles atribuem essa “reversão da fortuna” à implantação de instituições inclusivas ou extrativas pelos colonizadores.
5. “Disease and Development: The Effect of Life Expectancy on Economic Growth” (Doenças e Desenvolvimento: O efeito da expectativa de vida sobre o crescimento econômico)
Neste artigo, Acemoglu e Johnson analisam a relação entre saúde pública, doenças e crescimento econômico, demonstrando que melhorias na expectativa de vida, principalmente no século XX, nem sempre levaram a um crescimento econômico proporcional. Eles discutem que a maior parte dos ganhos em expectativa de vida nas economias em desenvolvimento foi acompanhada por crescimento econômico moderado ou, em alguns casos, estagnação.