Pesquisadora diz que o agronegócio ‘não alimenta a população brasileira’
06 agosto 2024 às 16h11
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A pesquisadora Larissa Bombardi, exilada do Brasil há três anos, contestou a versão de que o agronegócio é responsável pela produção que alimenta a população brasileira. A declaração aconteceu em entrevista ao programa Bem Viver, do Brasil de Fato.
“O destino dessas terras [griladas] tem sido para a produção de commodities, essas mercadorias que são comercializadas na Bolsa de Valores, que tem o seu preço estabelecido nesse grande cassino internacional”, disse.
“E o que acontece com a produção de alimentos? Ela decaiu. Então, as áreas de arroz, feijão, trigo e mandioca, por exemplo, caíram muito. A área para cultivo de feijão diminuiu 40%”, continuou.
Os dados apresentados pela pesquisadora estão em sua publicação mais recente, Agrotóxicos e Colonialismo Químico. Larissa Bombardi está há três anos exilada na Europa por conta de ataques sofridos após a divulgação do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, publicado em 2017.
A pesquisadora é mestra, doutora e pós-doutora em Geografia Humana. “Isso é o maior símbolo do escândalo e mostra o quanto essa agricultura não alimenta a população, o preço dos alimentos, eles flutuam ao sabor do mercado internacional. É uma lógica que não está voltada para a segurança e para a soberania alimentar”, afirma.
“É uma agricultura que não nos alimenta. A fome aumentou nos últimos dez anos. A gente não está alimentando a população brasileira”, finaliza a pesquisadora.