O Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) emitiu um alerta sobre o descontrole de uma micose que provoca lesões na pele que pode ser transmitida por gatos.

A esporotricose, de acordo com o pesquisador e coordenador do SBI, Flávio Telles, já foi registrado no Paraguaia, Uruguai e Chile. Em Goiás, não houve registros de infecções, aponta a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). “Apesar de não haver registros da doença, humana e felina no estado, a SES informa que está constantemente em alerta às notificações de zoonoses de relevância à saúde pública, sensibilizando os serviços de saúde para o surgimento de casos suspeitos de doenças e buscando implantar a vigilância das zoonoses, inclusive da Esporotricose”.

O pesquisador explicou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que a castração dos animais pode diminuir a necessidade de interações dos animais domésticos com outros gatos. Outra recomendação é “impedir o acesso desses animais às ruas, tratar se estiverem infectados e não abandoná-los”.

Vale destacar que abandonar ou maltratar animais domésticos é crime previsto em Lei. Inclusive, em 2020, foi aprovada a Lei 14.064 que altera a Lei 9.605, de 1998, e aumenta as penas impostas ao crime de maus-tratos aos animais quando se tratar de cão ou gato.

“Também é importante a cremação do cadáver do gato que morre por esporotricose, no centro de controle de zoonoses ou numa clínica veterinária que tenha crematório, porque se enterrar o gato contamina o solo”, orienta.

Manejo

A médica veterinária, Larissa Ribeiro explica que animais com essa doença devem ficar isolados e o manejo, caso necessário, deve ser feito com luvas para evitar a contaminação. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a doença pode afetar tanto humanos quanto os gatos e surge a partir do contato com o local das feridas.

Além do contato direto com as lesões, outra forma de transmissão é através de mordidas ou arranhões com os animais infectados. O gato carrega o fungo nas garras, saliva e no sangue.

O MS aponta que os sintomas podem ser similares ao de uma picada de inseto, mas que em alguns casos a doença pode afetar os pulmões com o surgimento de tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.

Tratamento

O tratamento da esporotricose, indica o ministério, deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo.

Os antifúngicos utilizados para o tratamento da esporotricose humana são o itraconazol, o iodeto de potássio, a terbinafina e o complexo lipídico de anfotericina B, para as formas graves e disseminadas.

O Sistema Único de Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, oferece gratuitamente o itraconazol e o complexo lipídico de anfotericina B para o tratamento da esporotricose humana.

Prevenção

A Saúde recomenda ainda que toda “manipulação de animais doentes pelos seus donos e veterinários deve ser feita com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI)”. Além disso, animais com suspeita da doença não devem ser abandonados, assim como o animal morto não deve ser jogado no lixo ou enterrado em terrenos baldios. “Isso manterá a contaminação do solo”.

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