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Pesquisa publicada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura na última segunda-feira, 28, (Food Security and Nutrition in the World 2025) mostra piora do Brasil em oito dos 11 critérios alimentares analisados. Os resultados contrastam com a saída do país do Mapa da Fome — embora a prevalência da desnutrição tenha caído de 2004 a 2024, de 5,7% para 2,5%, o aumento do custo para manter uma dieta saudável piorou determinados indicadores.

O custo de uma dieta saudável foi de $ 3,15 para $ 4,89 dólares por pessoa por dia. Entretanto, com a melhora da renda, a proporção da população capaz de arcar com os custos de uma dieta saudável aumentou. Foram de 72,9% em 2017 para 76,3% em 2024. O período de maior dificuldade foi em 2021, durante a pandemia, quando 29,8% da população não era financeiramente capaz de manter uma dieta saudável.

Do biênio 2014-2016 ao biênio 2022-2024, a insegurança alimentar grave passou a afetar de 0,7% da população para 3,4%. Crianças com o peso abaixo do esperado são 3,4%. O risco de mal desenvolvimento por subnutrição foi de 6,6% para 8,9% no período de 2012 a 2024. A obesidade em crianças foi de 7,7% para 10,9%. A prevalência de obesidade na população com mais de 18 anos foi de 19,1% para 28,1%. A prevalência de recém-nascidos abaixo do peso piorou de 8,3% para 8,7% no mesmo período.

Além da melhora na prevalência de subnutrição, outros índices que melhoraram de 2012 a 2023 foram o risco de anemia em mulheres — de 21,5% para 21,3%. Os bebês de 0 a 5 meses que se alimentam exclusivamente da amamentação foram de 38,6 para 45,8%.

No relatório, se lê: “No início do período inflacionário, os países de baixa e média renda, especialmente aqueles dependentes de importações de commodities, foram os primeiros a responder às preocupações com a inflação aumentando as taxas de juros. Isso foi impulsionado pelos rápidos aumentos nos preços dos alimentos, pela indexação de salários e preços e por expectativas de inflação menos ancoradas. Países como Brasil, Chile e México lideraram o ciclo de aperto monetário, com a maioria dos países de baixa e média renda (PBRs) tomando medidas significativas até o final de 2021.”

“A combinação de estímulos fiscais da era pandêmica e o subsequente aperto monetário para controlar a inflação exacerbou significativamente os níveis de dívida pública, reduzindo a capacidade dos países de acessar financiamento, inclusive para investimentos em segurança alimentar e nutrição. Os países de baixa e média renda foram particularmente afetados, com sua dívida aumentando a uma taxa duas vezes maior que a das economias avançadas. Em 2023, os países de baixa e média renda (LICs) e os países de média renda (MICs) representavam 30% da dívida global, ante apenas 16% em 2010. Esse rápido acúmulo de dívida aumentou drasticamente os pagamentos de juros, com 3,3 bilhões de pessoas vivendo agora em países que gastam mais com o serviço da dívida do que com educação ou saúde. Isso pode comprometer a disponibilidade de financiamento necessário para acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição até 2030.”