Perfil físico traçado por especialistas ajudou polícia a chegar até suposto serial killer
21 outubro 2014 às 12h00
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Laudo descreve elementos da postura de Tiago, como quando descia ou subia na moto. Especialistas afirmam que “pode-se sugerir com moderada convicção de que se trata do mesmo indivíduo”
Um exame de identificação postural produzido por profissionais de fisioterapia, fonoaudiologia e educação física foi um dos elementos da investigação que levou a prisão do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, suspeito de 39 homicídios na capital. O laudo descreve elementos da postura dele, como quando descia ou subia na moto. Os especialistas afirmam que “pode-se sugerir com moderada convicção de que se trata do mesmo indivíduo.”
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Através da análise das gravações de diversas ações criminosas em Goiânia a equipe de especialistas conseguiu traçar um perfil do suposto serial killer. Eles observaram que o autor dos assassinatos era levemente encurvado e caminhava com os pés voltados para fora. Além disto, os detalhes da moto, como o de que a cor vermelha era, na verdade, uma capa propretora utilizada para disfarçar o veículo.
Com esses detalhes a polícia expediu um mandado de prisão temporária para um “homem branco, com idade próxima aos 25 anos, 1,87 metros de altura, aproximadamente, cabelos pretos, curtos e lisos e sobrancelhas grossas, que normalmente veste bem”. O documento citava ainda a cor preta da moto, a marca do capacete e a informação de que ele conduzia com emplacamento adulterado.
Placas
A polícia começou a analisar as placas flagradas por câmeras de segurança e relacioná-las com o perfil traçado pelos especialistas. Os investigadores chegaram primeiro ao número da placa furtada por Tiago Gomes da Rocha em um supermercado do Setor Universitário, conforme vídeo de câmeras de segurança. O acessório foi o mesmo utilizado em roubos de padarias, loterias e no assassinato de Janaína Nicácio de Souza, de 25 anos.
Com essa medida, a polícia conseguiu relacionar várias gravações dos assassinatos em Goiânia e identificar as placas utilizadas pelo assassino. Uma destas era a placa original da motocicleta, o que levou a polícia ao nome de Tiago Gomes da Rocha.
A série de homicídios de mulheres e a polêmica de um suposto serial killer iniciou no dia 19 de janeiro deste ano com a morte de Beatriz Oliveira, de 23 anos, no Setor Nova Suíça. Nos últimos meses, os crimes ganharam repercussão da mídia nacional e internacional e foram descritos como feminicídio.
Suposto serial killer
No momento da prisão do suspeito, na última terça-feira (14), a Polícia Civil encontrou uma arma e uma moto preta utilizadas nos crimes. Na quarta-feira (15), a arma foi analisada pela superintendente da Polícia Técnico-Científica de Goiás, Itatiana Pires, que confirmou, durante coletiva de imprensa o nome de seis jovens que foram assassinadas “efetivamente” por essa arma: Ana Lídia Gomes, 14 anos; Isadora Cândido, 15; Juliana Dias, 22; Rosirene Alberto, 29; Thaynara da Cruz, 13; Thamara Conceição, de 17.
Em depoimento à polícia, o vigilante confessou os crimes e revelou que praticava os assassinatos após consumir bebidas alcoólicas. Além disso, o suspeito declarou que foi abusado sexualmente na infância por um vizinho e que, após os homicídios, acompanhava os noticiários na televisão para descobrir o nome das vítimas, que eram tratadas por ele como números.
Segundo a polícia, o vigilante ainda assaltava loterias, farmácias, e roubava placas de outras motocicletas para alterar seu próprio veículo para continuar praticando os crimes.