A pedido do MP, Conselho de Arquitetura irá analisar impacto do Nexus
31 março 2016 às 16h06

COMPARTILHAR
Parecer do CAU complementará análises do Ministério Público para constatar irregularidades no megaempreendimento do Marista

A 15ª Promotoria de Justiça da Comarca de Goiânia (Núcleo de Defesa do Meio Ambiente da capital) solicitou, na última semana, ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) uma análise técnica quanto à viabilidade da construção do Nexus Shopping & Business, localizado na Avenida D com a 85, no Setor Marista.
No despacho, obtido com exclusividade pelo Jornal Opção, o promotor Juliano de Barros Araújo pede as medidas da área de ocupação do empreendimento, questiona se o projeto observa o índice de ocupação máximo definido no Plano Diretor e requisita a definição de Índice Paisagístico Mínimo presente no Plano Diretor.
[relacionadas artigos=”59186,60090″]
O Ministério Público também questiona no documento quais seriam os possíveis impactos urbanísticos decorrentes da implantação do empreendimento, além de outras considerações técnicas acerca do projeto e implicações urbanísticas.
Em entrevista ao Jornal Opção, a vice-presidente do CAU, professora Maria Ester Souza, disse que já esperava a solicitação do Ministério Público e afirma que a análise do conselho será estritamente técnica. “Esta é a única parte que nos cabe. Ofereceremos uma análise técnica, porque temos essa prerrogativa”, explicou.
A pauta está sob responsabilidade da Comissão de Política Urbana do CAU. À reportagem, a coordenadora Regina de Faria Brito informou que recebeu o despacho da promotoria na última semana, mas solicitou novas informações e documentos do processo envolvendo o Nexus ao MPGO, que respondeu aos pedidos na última quarta-feira (30).
Agora, a comissão passará toda a documentação à equipe profissional do conselho para que seja feita a análise. Segundo Regina, ainda não há uma previsão para a conclusão dos trabalhos. “Acabei de repassar os dados para nossos profissionais, que são pessoas que se dispõem voluntariamente para realizar esta análise. Estamos repassando e queremos dar cargo a isto o quanto antes”, informou.
Expectativas
Representantes do CAU, mesmo que de maneira informal, já se manifestaram contrários à construção do Nexus. Dentre os principais pontos levantados, está a fragilidade do atual Plano Diretor de Goiânia, que permitiria pretensões genéricas sobre termos de referência, que não acompanham o desenho da cidade.
Para Regina de Faria Brito, o plano ignora a densidade real das áreas urbanas, possibilitando “empreendimentos em locais inadequados e que prejudicam a região em que serão erguidos”. “A gente sabe que não é só esse empreendimento. Há outros que também serão construídos na região. Quem mora próximo ao local já tem dificuldade de morar e transitar”, acrescenta.
Complemento
O megaempreendimento, localizado na Avenida D com a Avenida 85, no Setor Marista, passou a ser alvo de investigação do órgão ministerial, após o Jornal Opção revelar, com exclusividade, uma possível falsificação em assinaturas que compõem o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) apresentado pela Consciente Construtora e JFG Incorporadora, responsáveis pela construção.
O laudo solicitado ao CAU deve complementar a análise, ainda em prosseguimento, do próprio Ministério Público de Goiás (MPGO), que será empenhada pela Perícia em Edificações da Coordenação de Apoio Técnico-Pericial (CATP) do órgão ministerial. O promotor Juliano de Barros Araújo espera a conclusão das análises para dar cargo ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) proposto por ele à Consciente Construtora e à Prefeitura de Goiânia, que estabelece pontos imprescindíveis para a continuidade da obra.