Paulo Garcia comprova dívida de R$ 172 milhões deixada pela gestão Iris
27 junho 2016 às 14h08

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Desafiado pelo vereador Clécio Alves (PMDB) a provar que o ex-prefeito saiu da prefeitura com contas não pagas, petista apresentou valor descrito em processo

“Se o ex-prefeito entregou endividada a prefeitura eu vou andar de joelho dessa tribuna até aquela pedindo perdão para o atual prefeito.” Ex-aliado da gestão de Paulo Garcia (PT) na prefeitura, o vereador Clécio Alves (PMDB) desafiou nesta segunda-feira (27/6) o prefeito a provar que o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) deixou o cargo em 1º de abril de 2010 com alguma dívida sem pagamento.
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O desafio foi respondido por Paulo Garcia, que estava no plenário da Câmara Municipal para prestar contas do primeiro quadrimestre de 2016, com a apresentação de documentos que comprovam uma dívida deixada pela antiga gestão da prefeitura de cerca de R$ 172 milhões.
Paulo Garcia afirmou ser uma tentativa de “querer tapar o sol com a peneira” negar que administrações passadas deixem dívidas para as outras gestões. O petista apresentou a cópia do processo judiciário, que está registrado com número de protocolo 448503-51.2013.8.9.0051, com uma cobrança do Estado de Goiás estimada em R$ 172 milhões da Prefeitura de Goiânia na época, que já ultrapassa R$ 300 milhões em valores atualizados.
“Relata a Procuradoria-Geral do Estado: ‘Mas o Município quedou-se inerte’. Deixou de pagar.” O prefeito disse que não faria qualquer tipo de crítica ou comentários sobre os possíveis motivos pelos quais a gestão de Iris Rezende deixou de pagar essa dívida com o Estado e nem os objetivos do não pagamento. “Mas só esta dívida que o Município de Goiânia tem para com o Estado ultrapassa R$ 300 milhões”, destacou Paulo Garcia.
Antes, o vereador havia declarado que Iris Rezende não deixou qualquer dívida na prefeitura ao deixar o cargo. “A única coisa que Iris Rezende Machado comprou fiado na sua gestão foi 50 caminhões de lixo, que ele comprou direto da fábrica. Se eu estiver mentindo prove”, afirmou Clécio Alves.
“O ex-prefeito Iris Rezende, que é meu padrinho político, meu espelho, meu amigo. Esse prefeito, que eu acompanho, e ando com ele dia e noite, me confidenciou que no dia que ele deixou essa prefeitura, infelizmente, para essa administração desastrosa quase R$ 200 milhões em caixa. R$ 120 milhões no Tesouro e mais R$ 70 milhões em emendas parlamentares. Se eu estiver mentindo me desminta. Se o ex-prefeito entregou endividada a prefeitura eu vou andar de joelho dessa tribuna até aquela pedindo perdão para o atual prefeito. Eu tenho humildade para isso.”
Sobre o fato de ter sido acusado por Clécio Alves de ser ingrato ao ex-prefeito Iris Rezende, na chapa do qual foi eleito vice-prefeito em 2008, Paulo Garcia negou essa falta de reconhecimento. O peemedebista afirmou também que se não fosse a aliança com Iris, o petista não seria eleito nem vereador por Goiânia.
“O afastamento entre o PMDB e o meu partido é de conhecimento público e notório que não se deu só em Goiânia, não preciso tecer explicar isso. Os senhores jamais me viram tecer qualquer comentário que denigra a imagem do ex-prefeito. Quem tiver essa declaração gravada que apresente”, respondeu Paulo Garcia.
O petista afirmou que o fim da aliança entre os dois partidos na capital em nada altera a admiração que Paulo Garcia diz ter pelo ex-prefeito Iris Rezende, “apesar de, em alguns momentos, não concordar com a visão que o ex-prefeito tinha, mas sempre respeitando a sua vida pública”.
“Eu tenho admiração pelo seu trabalho como vereador. Eu nunca disse que na política não tem lealdade. Aliás, poucas pessoas foram tão leais aos seus antecessores como eu. Poucas. Eu tive um momento de profunda tristeza e de, inclusive, emocionalmente me sentir muito abalado quando eu percebi o afastamento do partido do senhor do meu partido.”
E continuou Paulo Garcia: “Eu demorei a acreditar que isso fosse verdade. Eu não agi de forma traiçoeira, até porque eu não sou traiçoeiro. A ruptura não foi proposta por mim. Ela hoje é página virada. Já superei. Mas sofri muito com isso”.
Sobre a promessa de Clécio Alves, que disse que atravessaria o corredor em frente à Mesa Diretora do plenário da Câmara ajoelhado caso o prefeito comprovasse que Iris deixou dívidas na prefeitura, Paulo Garcia comentou que não desejava aquilo ao vereador. “O senhor não merece andar de joelhos e machucar os seus joelhos por nada.”