Paulo Garcia anuncia reforma administrativa na Comurg e diz que pagamento de supersalários é “amoral”
10 julho 2014 às 20h12
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Em entrevista coletiva, prefeito admitiu que Goiânia ainda vive na “crise do lixo”
O prefeito Paulo Garcia (PT) anunciou nesta quarta-feira (10/7) uma reforma administrativa e orçamentária na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Com a reestruturação, a administração municipal espera garantir uma economia mensal de aproximadamente R$ 3,28 milhões. Em entrevista, o prefeito, além de explicar a nova organização da companhia, também comentou sobre os recentes episódios envolvendo a Comurg, como a crise na coleta de lixo da capital e o pagamento de supersalários a servidores.
Diferentemente da última “coletiva de imprensa” realizada no sexto andar do Paço Municipal, Paulo Garcia deu a oportunidade para que os jornalistas presentes fizessem perguntas, e o petista respondeu a todas elas, até mesmo as mais polêmicas. Em ano eleitoral, a nova posição do prefeito pode ser encarada como reflexo da “mancha negra” que circunda sua administração devido à atual crise financeira do Paço. Isso porque, apesar de Paulo permanecer distante do atual cenário eleitoral, o PT precisa de uma boa imagem perante o eleitorado goiano para conseguir eleger o governadoriável Antônio Gomide, além de angariar votos para a presidente Dilma Rousseff.
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Sobre o pagamento de supersalários a servidores da Comurg, Paulo foi enfático ao dizer que os vencimentos destinados aos funcionários são “amorais”, mas, ao mesmo tempo, frutos de processos legais. “Não há nada de ilegal. Não há aí nenhum ato de corrupção ou desvio de dinheiro, mas eu os acho em algum sentido amoral. Vivemos em uma sociedade onde o ganho médio não é tão elevado. Assim, salários altíssimos como aqueles existentes na companhia são considerados amorais.”
Como tentativa de solucionar a questão, Paulo afirmou que irá dialogar com a classe trabalhadora da Comurg acerca da necessidade de um novo modelo que esteja mais próximo da realidade financeira dos goianienses. No entanto, não apresentou nenhum prazo hábil para que isso ocorra.
Os salários recebidos por servidores da Comurg acima do teto constitucional foram bastante discutidos e repercutidos na mídia e nas redes sociais desde a denúncia que os revelaram. No dia 8 de agosto de 2013, durante a prestação de contas da Prefeitura de Goiânia, o vereador Elias Vaz (PSB) apresentou uma acusação contra o Paço após constatar que servidores do órgão recebiam mais que o prefeito.
Crise do Lixo
Um das mais recentes episódios envolvendo a Comurg diz respeito à deficiência no serviço de coleta de resíduos sólidos. Apesar de controlada, a “crise do lixo” permanece visível pelas ruas da capital goiana. O prefeito admitiu a deficiência no setor, mas alegou que os problemas serão resolvidos, em breve, após a aquisição de 23 novos caminhões. Os veículos atualmente passam por um processo de parametrização, pois os automóveis e o tipo dos compactadores usados pela prefeitura são de marcas diferentes.
Hoje, a Comurg conta com 63 caminhões responsáveis pela coleta de lixo domiciliar em Goiânia. No entanto, devido à necessidade constante de ajustes de parte destes veículos, são apenas 40 caminhões nas ruas realizando o serviço. Segundo Paulo Garcia, estudos da prefeitura apontam que a quantidade ideal seria a de 48 automóveis.
Sobre o convênio oficializado com o governo de Goiás no final do último mês para compra de caminhões de lixo, o prefeito informou que os recursos do tesouro estadual ainda não haviam sido depositados na conta do Paço.
Reestruturação
Definida pelo petista como histórica, a reforma administrativa na Comurg prevê o corte de 40% no número de diretorias, corte de gratificações e de servidores comissionados, além do afastamento de todos os aposentados.
Apesar do “enxugamento” na equipe, Paulo Garcia afirmou que a reforma foi pensada por meio de um viés estritamente técnico e que tem como fundamento tornar a administração mais produtiva e contemporânea, além de gerar economia nos gastos. “Temos convicção que a atual reestruturação causará apenas benefícios. Esta é uma reestruturação compatível com o município e com os clamores da sociedade que representamos.”
O prefeito apresentou também uma reorganização no organograma da companhia. A Comurg contava com dez diretorias, 2.311 cargos com gratificações, 427 servidores comissionados e 411 aposentados, que ainda prestavam serviços. Agora, passa a ter seis diretorias, 1.792 cargos com gratificações, 290 servidores comissionados e não haverá mais funcionários aposentados. Esses serão afastados em processo escalonado, nos próximos três meses. Os gastos com a Comurg, que eram de R$ 5 milhões, passarão a ser, com a reforma, de R$ 1,7 milhão, ou seja, a economia será de R$ 3,28 milhões mensais.