Pastores goianos avaliam com cautela indicação de Messias ao STF e descartam caráter político de encontro com Lula
20 outubro 2025 às 17h31

COMPARTILHAR
Pastores da Assembleia de Deus ouvidos pelo Jornal Opção avaliam com reservas a possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmam que o encontro recente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o jurista e o bispo Samuel Ferreira, líder da Convenção Madureira, não tem caráter político. As lideranças reconhecem, porém, que há distância ideológica entre o governo e o segmento evangélico em pautas de costumes e valores.
Pastor presidente da Assembleia de Deus Vila Nova e segundo-vice presidente da Convenção Estadual Madureira, Josué Gouveia diz que a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) é “o menos pior”.
“Pelo sentido para nós dele ser esquerdista, ter apoiado o Lula. Mas, por ser uma pessoa que é ligada ao segmento da igreja Batista ou Presbiteriana, não sei, é um camarada que tem pelo menos dentro dos seus princípios algumas coisas que regem a igreja na questão de família e da teologia”, pontua.
Sem extremismo
Gouveia classifica o encontro entre o presidente Lula (PT), Jorge Messias, e o líder da sua igreja, bispo Samuel Ferreira, como “normal”. “Ele [Ferreira] é um grande líder e as pessoas falam que tá apoiando, mas não tem nada disso. Respeitamos Lula como presidente da República e jamais a gente pode tirar isso dele”, explica.
Segundo o pastor, a reunião com o bispo não teve o sentido de política, mas de fazer uma referência pela amizade que ele tem com Messias. “Acho que a gente não pode ser extremista demais de achar que nós não podemos nem passar na porta de quem tem ideias opostas às nossas. Temos que respeitar o contraditório.”

Questionado sobre uma possível aliança política para 2026, Gouveia diz que é difícil devido a divergência ideológica e temas como aborto e liberação do uso da maconha. “Nós acreditamos que o ser ele nasce homem e mulher, não aquela coisa que virá depois. A questão do aborto, a ideologia ensinada nas escolas, banheiro unissex, casamento de pessoas do mesmo sexo e o comunismo”, pontua.
Ele diz, no entanto, que há pontos de convergência, em especial no trabalho “para os menos favorecidos”. “Para aquelas pessoas que não têm condições de às vezes ter uma cesta básica, ter o que comer. A igreja faz isso e o Lula também vem fazendo. Eu só acho que não pode ser dessa forma que está sendo feita, com assistencialismo”, reflete.
Não há convergência com o governo”, diz pastor Gentil Oliveira
Já o pastor Gentil R. Oliveira, presidente da Assembleia de Deus Ministério Bethel (GGBT), afirmou desconhecer pessoalmente a trajetória de Jorge Messias, mas acredita que o encontro entre o bispo Samuel Ferreira e o presidente Lula teve caráter institucional.
“O bispo deve conhecê-lo, e ele deve ter pedido ao bispo para acompanhá-lo até o presidente Lula. Não tem conotação política. É algo institucional”, disse o pastor.
Gentil descartou, no entanto, a possibilidade de aproximação ideológica entre o governo e o segmento evangélico. Para ele, as falas de Lula desde a última eleição demonstram incompatibilidade com os valores da igreja.

“Eu não vejo possibilidade de convergência, tendo em vista os discursos do Lula até aqui. Ele considera essa pauta de família e igreja como ultrapassada. É um posicionamento que não é de hoje”, avaliou.
O pastor também não acredita que a eventual indicação de Messias represente um gesto político voltado aos evangélicos.
“Não foi indicado porque é evangélico. Antes disso, já se dizia que ele era o nome mais sincronizado com os objetivos deles. Ele é uma pessoa ligada ao PT há muitos anos”, afirmou.
Leia também:
Favorito à vaga no STF, Messias se reúne com Lula e líder da Assembleia de Deus Madureira
