Parlamentares de Goiás divergem sobre situação de Cunha
16 novembro 2015 às 11h25
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“Chacota”, “atacado” e ” insustentável” são termos usados por goianos ao avaliarem situação do presidente da Câmara, que enfrenta processo no Conselho de Ética
Enquanto aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) procuram integrantes do Conselho de Ética e líderes de bancada a fim de assegurar votos necessários para mantê-lo como presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal goiano Fabio Sousa (PSDB) considera como crítico o momento do peemedebista.
“A situação se tornou insustentável, pois ele está sem condições de continuar na presidência. As justificativas não colam e pareceram até chacota”, avalia o tucano, em entrevista ao Jornal Opção. O peessedebista refere-se, especialmente, à declaração em que Cunha nega ser o dono do dinheiro em contas da Suíça. Os valores, segundo o presidente, são resultado de negócios próprios no exterior.
Apoiadores de Cunha têm cobrado de aliados antigos favores, como cargos, indicações e auxílios financeiros a campanhas. O objetivo é convencer o relator do caso, Fausto Pinato (PRB-SP), a propor pena mais branda — quem preside o colegiado é José Carlos Araújo (PSD-BA). Porém, Sousa não acredita em uma possível recuperação do peemedebista. “Infelizmente deveremos ter a queda de mais um presidente”, finaliza o goiano.
Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido propina no valor de pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012.
Sondagem
Entre os responsáveis pela busca do convencimento estão André Moura (PSC-SE), Paulinho da Força (SD-SP) e o goiano Jovair Arantes (PTB). Forte aliado de Cunha, o presidente da sigla petebista no estado afirma estar bem inserido no contexto da Câmara. “O momento é delicado e temos que entender, pois é um momento seletivo. Só ele está sendo atacado. Temos cerca de 40 na mesma situação”, analisa.
À reportagem Jovair arrisca falar ainda sobre uma possível sucessão a Cunha: “Naturalmente, tenho perspectiva como candidato à presidente. Mas não posso precipitar qualquer processo, saindo igual doido pedindo votos para, depois, perder. É melhor deixar para 2017 [quando ocorre nova eleição]”.
Licenciar
Já o deputado Marcos Abrão, dirigente do PPS estadual, defende que Cunha se licencie da presidência para dedicar tempo a sua defesa. “A Câmara deveria ser liderada por outro nesse momento. Não sou nenhum jurista para julgá-lo, mas penso que seria mais legítimo. O País precisa muito do Congresso para sair desta eterna crise com o governo federal.”