Ricardo Barros afirmou que este seria o motivo pelo qual os homens procuram menos o atendimento de saúde para tratamento preventivo

Mministro da Saúde, Ricardo Barros | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Ministro da Saúde, Ricardo Barros | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Saúde do governo interino de Michel Temer (PMDB), Ricardo Barros (PP), afirmou na manhã desta quinta-feira (11/8) que os homens trabalham mais que as mulheres e, por isso, procuram menos atendimento médico.

A afirmação foi feita durante evento de lançamento do Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde e o Guia da Saúde do Homem para Agente Comunitário de Saúde, que pretende incentivar o momento em que o homem acompanha a parceira grávida no pré-natal para que adote hábitos mais saudáveis e realize exames preventivos.

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostrou que, de 6.141 homens cujas parceiras fizeram parto no SUS, disse total, 31% afirmaram que não tem o hábito de ir às unidades de saúde buscar auxílio de prevenção de doenças.

Quando questionado sobre os motivos que levam a esse cenário, Barros respondeu se tratar de “uma questão de hábito, de cultura, até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva” Em seguida afirmou que “é uma cultura que precisa ser modificada. Quem precisa acha tempo”.

Apesar da declaração do ministro, dados da própria pesquisa divulgada pelo ministério mostram que o horário de funcionamento das unidades de saúde foi apontado por apenas 2,8% dos homens como motivo para não procurarem atendimento preventivo. A maioria dos homens, 55%, justifica que “nunca precisou”, ou seja, procura atendimento apenas em casos de urgência e nunca para prevenção e acompanhamento. 17,4% alegam utilizar a rede privada e 14,5% reclamam da demora no atendimento.

Além disso, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a dupla jornada de trabalho feminina somam em média cinco horas a mais que os homens por semana.

Pesquisa e campanha

Quase um terço dos homens brasileiros não tem o hábito de frequentar serviços de saúde para acompanhar seu estado de saúde e buscar auxílio na prevenção de doenças e na qualidade de vida. Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que as barreiras socioculturais interferem na prevenção à saúde e que, em muitos casos, os homens pensam que não ficam doentes ou têm medo de descobrir alguma alteração no organismo.

u das respostas mais comuns entre os homens (55%) é que não buscaram os serviços de saúde porque nunca precisaram. A falta de cuidado, segundo a pasta, esconde uma crescente consequência: eles morrem mais cedo que as mulheres e de doenças que poderiam ser prevenidas, como acidentes vasculares, infartos, câncer e doenças do aparelho digestivo.

O resultado da busca tardia pelos serviços de saúde faz com que os homens vivam, em média, sete anos a menos que as mulheres – a expectativa de vida deles é de 71 anos e das mulheres, 78. As causas que mais matam os homens são as externas (acidentes de trânsito, violência), seguidas de doenças do aparelho circulatório, neoplasias e aparelho digestivo.

Os números revelam ainda que 84,6% dos pais não realizaram nenhum exame durante o pré-natal da parceira. Os exames mais pedidos para os que chegaram a usar o serviço foram tipagem sanguínea, sorologia para HIV e hemograma.

O percentual de homens que informaram não ter usado o cartão de vacinas também é alto (64%), enquanto 61% relataram ter recebido orientações sobre planejamento familiar nos serviços de saúde.

A partir dos resultados do estudo, o ministério lançou nesta quinta-feira o Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde e o Guia da Saúde do Homem para Agente Comunitário de Saúde. A primeira proposta consiste em aproveitar o momento em que o homem está mais próximo do sistema de saúde, acompanhando a parceira no pré-natal, para que ele adote hábitos saudáveis e faça exames preventivos. O segundo tenta sensibilizar agentes para levar os homens às unidades básicas de saúde e trabalhar a prevenção.

“É uma instrução que estamos dando às nossas equipes para tentar fazer com que os homens, que são arredios para esse questão de prevenção à saúde, possam ser captados pelo nosso sistema”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros. “Há uma diferença extremamente significativa [na expectativa de vida de homens e mulheres] e é preciso que façamos um esforço para diminuí-la”, acrescentou.

Entre os participantes, 80% tinham entre 20 e 39 anos, 67,3% afirmaram ter renda entre um e dois salários mínimos, quase metade (49%) relatou ser casado e apenas 36,9% completaram o ensino médio. (Com Agência Brasil)